Ensino Digital - 2024.2 - Transcrição

JORNADA ACADÊMICA - ENSINO DIGITAL 
PRIMEIRO DIA



TRANSCRIÇÃO
Speaker 0 | 00:00.260
comigo, parceira de longa data aí já, né? Então, para quem não me conhece, sou o professor Tiago Hattes, sou coordenador dos cursos de licenciatura em História, de segunda licenciatura em História aqui na instituição e procuro somar ao longo aí dessa trajetória o máximo possível nas diferentes frentes, inclusive aqui nesse tipo de evento com vocês, né? O nosso evento que tem como tema justamente tentar fazer uma ligação entre... como nós que somos do universo da educação, nós que atuamos na educação, podemos contribuir e entender um pouco melhor o que é essa economia colaborativa e como ela pode se fazer presente na nossa jornada de educadores. Então isso é importante. Quando conversamos sobre isso, eu e a Mônica, quando a gente trocou a ideia de estar aqui conversando com vocês sobre isso, a gente pensou que o caminho mais lógico... e mais interessante seria da gente relacionar isso com algo que é fundamental na atuação docente, que é justamente o documento curricular base da formação de todos os nossos estudantes e que todos vocês, futuros docentes, terão como... estará debaixo do braço, digamos assim, para pensar currículos, para pensar planejamentos, que é a BNCC. Então isso é algo extremamente importante. Então a gente acredita que a partir daquilo que a BNCC oferece, do ponto de vista da sua estrutura, especialmente as competências gerais que são para ser desenvolvidas durante a educação básica, a gente consegue ter esse panorama. Mas aí antes disso, o que eu acho que é interessante? É a gente pensar um pouquinho do que a gente está falando quando a gente pensa em economia colaborativa. Então, a economia colaborativa e como ela vai chegar no nosso universo educacional. A economia colaborativa, como vocês já tiveram oportunidade de conversar nos últimos dias dessa jornada digital, mas para quem está chegando agora, ela é basicamente uma rede de serviços de produção relacionadas a formas colaborativas de se produzir. Ou seja, são modelos... empresariais em que a colaboração entre dois ou mais atores está diretamente relacionada. Talvez o que esteja mais evidente no mundo de hoje, quando a gente fala em economia colaborativa, são os aplicativos de transporte, por exemplo, que surgiram como uma ideia de uma economia colaborativa e ao longo da sua trajetória acabaram, de alguma maneira, se desvirtuando um pouco. Essa é uma essência da ideia de uma economia colaborativa, em que uma empresa desenvolve uma tecnologia e que a prestação de serviço nessa tecnologia se dá a partir da adesão de outros parceiros. Então, a economia colaborativa está muito relacionada a essas possibilidades de interação entre indivíduos, prestadores de serviço. Além disso, em prestação de serviço, os indivíduos também... podem se relacionar na economia colaborativa através do compartilhamento de espaços. Talvez uma das práticas muito famosas da economia colaborativa nos últimos anos também seja os espaços de co-working, presentes em várias grandes cidades brasileiras, também cidades de médio porte, capitais, etc., que são espaços onde as pessoas podem vir trabalhar juntos. Mas, por exemplo, o espaço de co-working não é só um espaço para as pessoas dividirem mesas. A concepção inicial do espaço de coworking é que as pessoas dividam o espaço, mas que elas estejam perto umas das outras. Então, por exemplo, se eu sou um autor de materiais didáticos, e eu vou ter uma mesa, uma pequena sala no espaço de coworking, eu vou estar perto, por exemplo, de um designer gráfico, que também atua de forma autônoma e usa aquele espaço. Eu vou estar perto, por exemplo, de um fotógrafo. Então eu estou dando alguns exemplos de como a ideia da economia colaborativa está muito ligada a isso. Mas ela também está muito ligada a uma dimensão de sustentabilidade também. Essa ideia da economia colaborativa veio muito na esteira, dessa ideia de pensar outras formas de se fazer economia, de pensar outras formas de gerar um impacto econômico no mundo que a gente vive. Eu estava até nos últimos dias vendo alguns dados. A gente tem só para vocês entenderem. ter uma dimensão, a economia colaborativa no Brasil, nos últimos anos, tem ultrapassado uma média de 50 bilhões de reais em recursos. Então é um dado vultuoso, é uma realidade muito interessante se a gente considerar. E há uma expectativa... de que esse valor possa chegar até quatro ou cinco vezes mais até o ano que vem, porque há um crescimento global do uso desses recursos. Bom, beleza, mas onde que eu, educador, reeducadora, onde que a gente entra nesse processo? Eu acho que o educador, o professor, você como futuro professor, professora, acho que são dois aspectos muito importantes para a gente pensar quando a gente fala de economia colaborativa. O primeiro é... O futuro profissional da educação, ele pode, de alguma forma, desfrutar da economia colaborativa. A economia colaborativa está presente no universo da educação, principalmente pela produção de conteúdo. Então, você que é um futuro educador, futuro licenciado em determinada área da educação, você, a partir desse momento, está habilitado à produção de conteúdo, que sejam materiais didáticos, cursos. que hoje em dia ocupa um espaço muito importante no universo da economia educacional. Só para vocês terem uma ideia, um outro dado também que eu achei muito interessante, só para vocês terem uma ideia, 82,7% dos domicílios brasileiros, esse é um dado da última PNAD, tem acesso à internet. E um relatório feito pela CETIC-BR, mostrou que em 2020 pelo menos 78% dos usuários de internet utilizaram em algum momento, não em algum momento, na maior parte do tempo a internet para fins educativos. Ou seja, nós estamos falando de um dado muito significativo. Então isso significa que a possibilidade de um profissional da educação adentrar esse mercado relacionado a esse mundo das plataformas, cursos, da produção de conteúdo é muito significativo é o que a gente chama de edtech para algumas pessoas aqui que levantaram esses dados de estudos a gente tem uma associação brasileira de startups que trouxe um dado muito interessante que o Brasil é o maior mercado de educação tecnológica do mundo em termos de crescimento só para você ter uma ideia são 400 startups educacionais no Brasil, dedicadas à inovação educacional. Então, produção de curso, produção de material, é muita coisa. Só em termos de investimento, o último dado que foi levantado foi em 2021, a gente teve 200 milhões de dólares investidos nessas startups. Então, a gente está falando de um dado muito significativo. Então, se você hoje é um futuro profissional da educação, se você está iniciando o teu curso, Se você está iniciando a sua formação, todo tipo de oportunidade de aprendizagem para te habilitar a esses tipos de experiência, seja da produção de conteúdo, seja da produção de cursos, tudo isso pode ser uma oportunidade muito interessante. E pelo fato, obviamente, da gente estar falando de uma economia colaborativa, Compreender esse funcionamento, compreender como esses parceiros funcionam é algo muito interessante. Eu coloco até como sugestão para esse primeiro passo, para quem quer conhecer, é a GoCursos, que é uma startup de cursos de educação que permite a parceria. A GoCursos surge, ela tem uma relação com o nosso grupo Ser Educacional, depois vocês podem conhecer lá. entender um pouco a história, e a GoCursos é um exemplo clássico de uma startup que permite essa economia colaborativa. Ou seja, você, professor, pode compartilhar seu conhecimento e, a partir disso, construir, inclusive, uma renda. A partir disso. Então, é muito interessante esse tipo de possibilidade. Bom, então eu falei aqui de você, profissional da educação. Então, você está formado a partir disso. E você pode atuar, você vai se preparar ao longo desses anos da sua formação. A outra opção, que eu acho que é aquilo que a gente precisa aprofundar aqui, que a gente vai falar bastante sobre isso hoje, é a gente pensar qual é o seu papel como futuro docente na formação de indivíduos que sejam capazes de atuar numa economia colaborativa. E aí quando a gente pensa nisso, a gente fala, nossa, mas eu... professor na educação básica, estou formando pessoas para o mercado, como é que funciona isso? Gente, vamos pensar que no processo educacional a gente vai ajudar os nossos alunos a construir competências que poderão ser usadas de acordo com a autonomia dos nossos alunos. A gente não está dizendo que você vai formar um aluno que vai para a economia colaborativa. Você vai permitir que esse aluno desenvolva competências que vão fazer com que ele entre nesse mercado e que ele possa fazer as suas escolhas. Eu costumo dizer que a boa educação é essa, promove a autonomia nos indivíduos e eles possam fazer boas escolhas para a sua vida. E aí, nesse aspecto, Quando a gente fala, então, de uma educação que permita a construção de competências para os indivíduos que vão atuar nesse mundo cada vez mais colaborativo, em que você tem que ser capaz de produzir conteúdo, que você tem que ser capaz de interagir com outros indivíduos, fazer parcerias e tal, a base nacional comum curricular é fundamental. Para quem ainda não está familiarizado, então, e eu vou trazer a Mônica daqui a pouco para essa conversa aqui, para... para a gente falar um pouco mais sobre isso, mas vamos lembrar, então, a Base Nacional Comum Curricular é um documento que estabelece quais são justamente as bases, como o próprio nome diz, para a elaboração de todos os currículos na educação básica brasileira, seja ela pública, seja ela privada. Ou seja, se você, então, vai dar aula numa escola do Estado, do município, ou numa escola particular, confissional, laica, seja lá qual for o estabelecimento educacional, que você estiver no Brasil, esse é o documento que vai orientar o teu planejamento, a tua ação. É um documento que parte, ele não é um documento em que você chega, ele é a base para o começo de todo esse pensamento. A BNCC, então, ela foi homologada no final de 2017, em dezembro de 2017, depois de uma longa discussão de várias versões, e ela vem sendo implementada nas escolas. Aliás, é uma exigência dos núcleos regionais de educação que as escolas tenham. os seus planejamentos já adaptados à BNCC. E a BNCC tem uma série de características, entre elas a ideia de que os alunos precisam desenvolver competências gerais ao longo de toda a educação básica. E é justamente a partir dessas competências que a gente quer conversar um pouco com vocês para tentar entender qual será a contribuição de vocês como futuros docentes, mas como que vocês agora, como... licenciando-os como estudantes de um curso de licenciatura, como vocês vão se apropriar dessas competências, como vocês vão entender essas competências. Então, esse é o segundo passo que a gente vai dar aqui. E aí eu queria até aproveitar para chamar a Mônica, porque eu estou falando sozinho bastante, né, Mônica? Mas justamente para a gente pensar um pouco nisso, né, Mônica? Sobre essa importância da BNCC. E a gente vai falar um pouco sobre isso aqui agora, né?

Speaker 1 | 12:54.989
Isso mesmo, Thiago. Boa noite, é um prazer imenso estar aqui com vocês, junto com o Tiago, como ele disse, já trabalhamos juntos há bastante tempo, então é uma alegria muito grande poder compartilhar com ele esse momento, e vocês estão percebendo que o Tiago tem bastante conhecimento, muita experiência sobre o assunto e muita base na educação brasileira, então ele vai trazer assuntos, nós vamos procurar discutir aqui com vocês. Questões bastante relevantes da formação, aquela formação que nós, como professores na escola, buscamos construir e a formação que a gente espera. E cada um de vocês que está iniciando o curso também, ao longo da sua graduação. Falar em economia colaborativa é hoje um assunto extremamente contemporâneo e ele permeia, sem dúvida, o desenvolvimento de competências individuais que, por vezes, a gente não tem. Então, a gente tem que procurar construir cada uma dessas ideias lá no processo da escola. no chão da escola. Então, é importante que vocês prestem atenção nessas competências para que a gente possa saber trabalhar com elas, com os estudantes, auxiliá-los a desenvolver cada uma dessas competências. E aí a gente vai trabalhar em cada uma e vocês vão perceber como a economia colaborativa está inserida em cada um desses elementos, né, Thiago?

Speaker 0 | 14:30.472
Pois é, a gente procurou então aqui trazer, justamente a partir das 10, né? as 10 competências gerais, lembrando que essas 10 competências elas precisam ser desenvolvidas ao longo de toda a educação básica. Às vezes quando a gente está tratando com futuros professores, quando a gente vem falar da BNCC, às vezes a gente percebe uma certa aflição por parte de futuros professores quando eles vêm. conhecimento, pensamento científico crítico e criativo, repertório cultural, comunicação, cultura digital, e vai indo e as pessoas, às vezes, os futuros professores ficam muito aflitos. Nossa, mas é muita responsabilidade. É muita responsabilidade, mas a gente não pode perder de vista que essa é uma tarefa compartilhada por toda a educação básica. Ela começa lá na educação infantil, então quem é da pedagogia, principalmente, vai se sentir mais familiarizado. com os chamados campos de experiência, né, que a pedagogia tem lá, né, que são os campos de experiência que antecedem, então, né, e a gente começa a trabalhar especificamente com as competências gerais a partir dos anos iniciais até chegar lá no ensino médio. Ou seja, uma responsabilidade de todas as etapas, né, Mônica? E acho que isso que é importante, né? Porque acho que a BNCC permite quebrar um pouco essa segmentação, né?

Speaker 1 | 15:57.383
Sem dúvida. E vejam que a própria estrutura da BNCC, compartilhando a ideia do desenvolvimento dessas competências em cada etapa de ensino, em cada etapa do desenvolvimento da criança, do estudante, já nos mostra que é importante no processo educacional justamente esse compartilhamento de processos, o compartilhamento do desenvolvimento da infância, da juventude. Então, o conhecimento vai se desenvolvendo desde a infância até a etapa dos jovens no ensino médio e cada uma dessas competências vai se aprofundando, vai sendo aprimorada conforme a criança vai adquirindo maturidade, autonomia. Aliás, a própria autonomia também é uma competência importante. a ser desenvolvida ao longo do processo escolar como um todo em cada uma das etapas. Autonomias para diferentes habilidades e aí a gente vai vendo que chega um momento em que a gente consegue perceber que o estudante já desenvolve boa parte dessas competências, mas elas foram sendo construídas lentamente. uma de cada vez ou mais de uma ao mesmo tempo, mas progressivamente. Então, não é chegar ali no ensino fundamental, anos finais, e de repente achar que vamos desenvolver todas essas competências. Então é um processo que acontece gradativamente desde o momento em que a criança ingressa na escola.

Speaker 0 | 17:36.226
Perfeito. É só aproveitar aqui, acho que é legal, vou só descompartilhar e compartilhar novamente aqui, os campos de experiência da educação infantil aqui, só para o que a gente falou aqui, só para ficar claro para todo mundo aqui, eu peguei um pequeno artigo que eu posso até... depois compartilhar com vocês aí. Deixa eu ver se ele vai aparecer aqui. Apareceu. É um artigo da revista Nova Escola, né? Que é uma revista muito famosa na educação. Acho que ela é uma indicação de leitura que eu acho que é bem legal. porque ela serve muito, não só para quem está começando, né? Eu, particularmente, uso bastante Nova Escola, desde que ela era só no papel. Então, os campos de experiência, então, para quem está aí na pedagogia, mas é legal para quem não está na pedagogia, é licenciando, entendeu? Então, lá os campos de experiência começam com o eu, o outro e o nós, depois passa para o corpo, depois passa, que eu digo aqui na ordem, né? Mas é tudo ao mesmo tempo. Corpo, gestos e movimentos. traços, sons, cores e formas, escuta, fala, pensamento e imaginação, e espaço, tempo, quantidades, relações e transformações. Então esses cinco tópicos que são super abrangentes constituem os campos de experiência da educação infantil, ou seja, quem for atuar na educação infantil vai fundamentar a sua prática aqui. E aí a partir daqui... A gente entende que as crianças, os pequenos, eles vão lá chegar no primeiro ano do ensino fundamental, anos iniciais, já preparados para vivenciar uma nova fase da vida. Mas é importante também entender, o Mônica, uma coisa que a gente sempre fala quando fala de BNCC, que a ideia não são segmentos. Você não está necessariamente preparando a criança para ir para o ensino fundamental. A ideia é que seja uma coisa só, um fluxo. Uma coisa viva ali, todo mundo juntinho, né? E aí as coisas vão acontecendo. Então, voltando para o nosso BNCC, esse arquivo depois a gente vai compartilhar com vocês aqui, o nosso BNCC e Economia Colaborativa, né? A gente tem aqui, então, já está aparecendo novamente, a gente tem a primeira, que é o conhecimento, né? O conhecimento aqui, a gente identifica que... O que é importante quando a gente fala da competência de conhecimento? Quando a gente está falando disso, conhecimento é tudo, tudo é conhecimento. É, tudo é conhecimento. Mas quando a gente fala de conhecimento na BNCC, a gente está pensando principalmente na compreensão conceitual, né, Mônica? Você sabe,

Speaker 1 | 20:22.111
Tiago, deixa eu te interromper aqui. Hoje mesmo eu estava falando com uma colega que vai trabalhar uma componente curricular específica. que é Geografia, com alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental para uma formação de professores, porque os professores que trabalham com os estudantes das séries iniciais do Ensino Fundamental, normalmente são pedagogos. que tem nas suas matrizes curriculares conhecimento de todas as componentes curriculares, de forma bastante genérica, e por vezes encontram algumas dificuldades no trabalho com as componentes específicas, seja história, geografia, ciências, e aí ela vai fazer uma formação para professores de geografia especificamente. Aí ela estava me perguntando, poxa, mas como eu posso trabalhar com as crianças até quinta série, ano, conceitos. Porque a gente percebe que essa é uma dificuldade e é uma base essencial. Porque se o estudante não entende um conceito, eu vou dar o exemplo aqui de geografia, que é a minha área também de conhecimento, se o aluno não entende o que é um território, um... ou diferenciar território de estado, ele não avança muito bem lá no sexto, no sétimo, no oitavo ano. E essa base vem das séries iniciais. Então, essa parte da compreensão dos conceitos, ela é fundamental. Claro que a gente tem que trazer isso sempre para a prática, para a realidade dos alunos, para exemplos muito práticos, mas se você não entende um conceito fundamental, você não avança no conhecimento de muita ciência.

Speaker 0 | 22:06.614
perfeitos e aí você falou, eu lembrei também de uma conversa com outro colega da geografia também, o conceito de paisagem quando a gente trabalha com história, dialoga muito com o conceito de paisagem, porque a gente pensa as mudanças dos espaços, estão relacionadas à história, e aí isso que você trouxe, mostra como que é fundamental por exemplo, se eu estou fazendo um planejamento, se eu identifico que, e aqui por exemplo, num PPP da escola, num projeto político pedagógico da escola, se a escola decide que a gente quer formar estudantes aptos ao longo dessa vida para viver num mundo de economia colaborativa, compartilhamento é um conceito, sustentabilidade é um conceito que vai dialogar por exemplo com a geografia, com a história, com as ciências, inovação social é um conceito. Então quando a gente fala da competência conhecimento, Se eu quero formar estudantes aptos a vivenciar esse universo da economia colaborativa, é fundamental que a escola trabalhe esses conceitos. Mas perceba, como você colocou, né, Mônica? Não é que você vai chegar para o... o garoto do primeiro ano do ensino fundamental, e você vai dizer para ele, aprenda aqui o que é sustentabilidade, porque quando você tiver 20 anos, você precisa trabalhar no universo da economia colaborativa. Não é nada disso. Sustentabilidade serve para quem for trabalhar na economia colaborativa, para quem não for trabalhar na economia colaborativa.

Speaker 1 | 23:37.267
Serve para a nossa sobrevivência no planeta.

Speaker 0 | 23:39.949
Exatamente. É uma competência que vai. se aflorada, permitir inúmeras coisas, inclusive a vivência no universo de economia colaborativa. E nós estamos fazendo esse recorte aqui por causa disso. Uma outra coisa aí, eu vou trazer uma coisa que eu gosto muito e que tem me mexido, essa parte conceitual eu adoro também, é uma coisa que eu tenho pensado muito, talvez seja um dos grandes objetos meus de reflexão hoje na área educacional. Mas aqui tem uma outra coisa que eu acho muito legal quando a gente fala de pensamento científico, crítico e criativo. E aqui uma coisa que também parece muito complexa quando a gente fala, que é identificar oportunidade de problemas e propor soluções inovadoras. Aqui, obviamente, que eu estou usando uma linguagem mais do universo da economia colaborativa, mas é importante a gente pensar que quando eu estou falando disso aqui, eu estou falando de uma coisa extremamente... antiga na área educacional, que é trabalho com situação e problema. Certo? Quando a gente está falando de educação, quando eu quero desenvolver pensamento científico, crítico e criativo, qual é uma tendência já nas últimas décadas da educação? É trabalhar com as ideias de situações problema, ao invés de trabalhar, por exemplo, com atividades em que as questões sejam meramente conceituais.

Speaker 1 | 25:11.387
Ou até informativas que não tragam essa característica da solução, de uma análise mais ampla, completa para a resolução de uma questão. aquelas perguntas que precisam ser contextualizadas, trazer para a realidade do estudante, tudo isso faz parte dessa proposição de problemas com o objetivo de informações, né?

Speaker 0 | 25:41.020
E no caso, quando a gente fala daquelas competências para o século XXI, e aí também tem uma coisa que até é um tema, um dia para a gente conversar com os nossos estudantes também, que eu acho que história, geografia, a biologia também, dialoga bem, a gente pode trazer mais colegas, que são os ODS, as ODS também são objetos do desenvolvimento sustentável, são muito importantes. Porque eu particularmente aposto muito nessa ideia de que estudantes prontos, acostumados a lidar com a situação problema, eles vão ter muito mais facilidade justamente a viver uma realidade em que eles precisam pensar criticamente, apontar soluções e identificar as oportunidades. Então, acho que esse aspecto é muito legal às situações de problema.

Speaker 1 | 26:34.948
E falando nisso, esse elemento do pensamento científico, crítico, criativo, essa realidade contemporânea que nos coloca análise de problema, proposição de soluções inovadoras, coloca também... em xeque ou sob reflexão a própria prática docente na escola, porque normalmente a gente vem de uma tradição em que a escola tem o professor que transmite conteúdo, passa atividade e o aluno responde e realiza. Dentro dessa perspectiva... da construção de conhecimentos para a economia colaborativa, o estudante não é único, ele não é um só, ele tem colegas que contribuem para... à busca de soluções inovadoras. Então, as reflexões dentro de uma sala de aula, elas também são construídas conjuntamente. O trabalho colaborativo tem que fazer parte da realidade da atividade docente e da atividade dentro da escola. A gente vai diminuindo, ou deve-se, teoricamente, diminuir cada vez mais a perspectiva de uma análise individual do estudante. Mas até que ponto aquele estudante é capaz de colaborar com os colegas? de pensar junto. Essa é uma dificuldade que cada um de nós tem muitas vezes, de trabalhar em grupos, trabalhar em equipe. Quem aqui nunca passou por aquela realidade de um trabalho em grupo, em que a gente odiava porque, ah, não, eu vou fazer tudo sozinho, então eu não quero. E aí a gente está fugindo dessa realidade aqui, nesse contexto. Porque todos... tem capacidades, habilidades específicas que, somadas, contribuem na proposição da solução ideal para aquele problema. Por isso que as questões hoje, elas são refletidas e colocadas no grupo. Porque cada um tem que trazer a sua contribuição dentro daquilo que desenvolveu e que já tem capacidade para buscar responder aos problemas que estão colocados. E isso daí para cada uma das componentes curriculares vai desde a... No ensino fundamental, lá nas séries iniciais, até o ensino médio, né, Thiago?

Speaker 0 | 28:49.311
Excelente, é. E o mundo tecnológico coloca as pessoas em processo de interação permanente, né?

Speaker 1 | 28:59.458
Que possibilitam ampliar essas interações, né?

Speaker 0 | 29:04.322
Eu diria que praticamente viramos seres interativos, até com as grandes consequências que isso pode ter também, mas aí já é um pano pro tamanho.

Speaker 1 | 29:14.192
E talvez nem sejam tão positivas em todos os momentos.

Speaker 0 | 29:16.913
Em todos os momentos é interação demais. O direito à solidão está acabando. Mas o repertório cultural, que acho que aí é fundamental também, isso é algo a ser desenvolvido dos nossos estudantes, porque embora a gente tenha percebido que, embora exista uma integração, uma tentativa de interação global, eu costumo brincar que o seu futuro estudante... do quinto ano, por exemplo, ou do sexto ano, ele provavelmente usa roupas parecidas com um estudante de Seul, na Coreia do Sul, escuta músicas parecidas com uma mesma criança. em Helsinki, escuta, assiste os mesmos filmes que um garoto da África do Sul, mas apesar de tudo ainda, isso não tem se convertido num repertório. Há uma globalização de costumes, de produtos culturais, a indústria cultural é muito forte, as crianças ao longo do mundo muitas vezes são ainda muito parecidas por causa desses produtos culturais, mas... o quanto isso tem se tornado um repertório efetivamente. O quanto isso tem se tornado, digamos assim, a capacidade justamente de colaborar. Então essa valorização da diversidade cultural é peça-chave para o funcionamento de uma economia colaborativa. Ou seja, vai trabalhar melhor num ambiente de economia colaborativa uma pessoa que valoriza a diversidade cultural. Não tem, assim, mistério. Não tem mistério. Se você vai trabalhar, por exemplo, produzindo conteúdo na internet, então, gostei do esquema da GoCursos, quero identificar um nicho de mercado para eu trabalhar produzindo meus cursos na área de educação, vou montar meu curso de metodologias ativas. Você tem que entender que o teu público é diverso. Isso é algo que vale tanto para a vida... que eu diria que é o mais fundamental para a vida, essa valorização da diferença, da diversidade, mas também para viver no mercado de trabalho cada vez mais globalizado. Então, colaborar e compartilhar nos contextos sociais que são cada vez diferentes. Então, você imagina lá, fica pensando. Quando os criadores lá de uma grande plataforma, não vamos fazer propaganda, mas uma grande plataforma, um aplicativo de transporte, um grande aplicativo de transporte que foi criado, por exemplo, nos Estados Unidos. Eles decidem, então, que vão implementar esse aplicativo de transporte no Brasil. Você imagina as discussões que eles tiveram. Porque quais são as práticas? Ah, lá no Brasil, qual é o papel do táxi no Brasil? Como que as pessoas enxergam essa ideia? Como que as pessoas lidam com esse tipo de serviço? Como que as pessoas vão trabalhar? Então, são vários elementos. E quem não compreende, não valoriza essa diversidade, provavelmente não vai conseguir lidar com esse tipo de mercado. E aí a gente passa para a comunicação, comunicação que é um dos elementos mais significativos também, e que talvez também venha sendo um dos mais desafiadores, que é essa ideia de comunicar-se de forma clara e eficaz nesses diferentes contextos, com os diferentes públicos. Então, como a gente falou aqui, se você vai produzir conteúdos, ou se você vai prestar serviços de forma colaborativa, se você não desenvolve essa competência... comunicacional, você não vai conseguir. Não há mistério nisso. E esse talvez venha sendo um dos grandes desafios que a educação tem tido. Quem está na sala de aula, quem está no cotidiano educacional, sabe o quanto que a tecnologia, que ao mesmo tempo é aliada, ela também tem se tornado um grande inimigo do processo de comunicação. Por quê? A tecnologia tem feito com que as crianças leiam menos, as crianças escutem menos músicas diversas, assistam menos filmes e séries diversas. Então, a tecnologia, na verdade, ao invés de ampliar o repertório de comunicação das crianças, tem diminuído. Não sei se você concorda, também, na sua vivência, tanto como professor, e a gente pode falar até como... Paz também, né?

Speaker 1 | 33:52.331
Sem dúvida, sem dúvida. Isso é evidente, né? A gente observa cada vez mais, contraditoriamente, como no repertório cultural. Apesar de a gente observar a ampliação dos contextos culturais, dos acessos, como você disse, ouvem as mesmas músicas, vestem as mesmas roupas, comem as mesmas coisas. Mas na prática o repertório cultural ali é reduzido, não se amplia. Aí até alguém perguntou aí no chat se um digital influencer, acho que foi a pergunta exatamente, faz parte desse repertório cultural. Então... certeza, sem dúvida, né? Aliás, este é um indivíduo que precisa aprender a desenvolver a comunicação de forma clara e eficiente. Essa é uma grande dificuldade. Como é que a gente vai se comunicar se o nosso repertório cultural, ou mesmo linguístico, às vezes, é muito reduzido porque nós não lemos? Nós não temos um embasamento. Então, eu observo muito na escola, e como o Tiago comentou, como pais a gente vê em casa também, a dificuldade para a produção de uma redação. Vocês vão ter que elaborar questões discursivas ao longo da sua formação, na graduação. Então, isso vai ser essencial. Esse comunicar-se de forma clara, ele pressupõe... O desenvolvimento dos elementos anteriores. Nós temos que ter base de conhecimento, leitura, informação, para que essa comunicação seja clara e eficiente.

Speaker 0 | 35:31.975
Perfeito, perfeito. Estava até lembrando aqui de uma música, mas depois se eu achar eu coloco aqui, que tem a ver com isso.

Speaker 1 | 35:41.002
Mas canta aí, Thiago.

Speaker 0 | 35:43.063
Não, não cantar não. É ousadia demais. Ainda mais que é uma música do Led Zeppelin, imagina, né? Isso é terrível, né? O nosso audiência aqui ia cair demais.

Speaker 1 | 35:53.972
Será que conhecem Led Zeppelin?

Speaker 0 | 35:57.575
Pois é,

Speaker 1 | 35:58.336
acho que sim.

Speaker 0 | 35:59.637
Mas essa questão do Gilson, né? E é interessante também que a gente percebe alguns movimentos no meio da... desses influenciadores digitais também, de um movimento contrário também. A gente tem esse movimento que a gente está muito habituado às vezes, que a gente... Ah, é só bobagem, é só a mesma coisa. Mas a gente vê também um movimento de pessoas que vêm identificando o poder de uma boa comunicação, da valorização da diversidade, e têm feito um caminho contrário e conseguindo produzir conteúdos interessantes também na contramão. daquilo que vem sendo produzido. E aí acho que isso liga ao nosso... A quinta competência que é a cultura digital. Tem até um elemento que não ficou muito claro ali quando a gente fala de utilizar tecnologias. Aqui tem um link depois da BNCC, para quem ainda não se familiarizou, para começar a dar aquela olhada. Mas acho que o que é muito, que eu sempre gostei muito da forma como é definida a quinta competência, é que é o seguinte, quando se fala em cultura digital, fala-se em uso ético e para autoria. E que é o grande desafio também que está colocado. Porque a gente fala assim, nós temos agora com a inteligência artificial, esse troço está mais complexo ainda. A internet nos favorece em termos de busca de conhecimento, de informação, de acertos. Mas ela não tem... contribuído para melhorar a qualidade autoral, como você falou. Às vezes, um estudante hoje, dependendo da idade do lugar, ele vai ter dificuldade de produzir um texto autoral. Então,

Speaker 1 | 37:51.615
esse...

Speaker 0 | 37:54.796
ali partes prontas, né? Eu diria que até a noção de autoria, e vocês sabem aí como que eu sou com esse tema, né? Fizemos até um workshop aí recentemente, dois, né? Eu acho que a coisa é até mais grave. Acho que a noção do que é ser autor tá diluída. Para as novas gerações isso não tá claro. O que é a autoria, né? Então eu acho que quando a gente fala de cultura digital, e agora a gente tem, né? Quando a BNCC foi feita não tinha inteligência artificial. à disposição das pessoas. Isso é muito interessante a gente pensar. Como que as coisas são rápidas, né? A BNCC é homologada em dezembro de 2017. A gente está aqui hoje em 2024, a inteligência artificial já tomou o lugar, o assunto. Mas eu acho que continua atual a ideia que eles falam do uso ético para fortalecer a autoria. Então, o papel do professor não é afastar o aluno da tecnologia digital. Mas é fornecer ao aluno uma visão ética do uso da fé. Por que uma visão ética? Porque a gente sabe que no contexto de elaboração da BNCC, um dos principais assuntos é o cyberbullying. O cyberbullying estava bombando naquele momento. Então, quando se fala em uso ético das tecnologias digitais, muito do que se estava dizendo naquele momento era justamente uma forma do papel da escola no combate a esse tipo de coisa, que é o cyberbullying. E um processo de autoria que já vinha degringolando. Então, assim... Assim, se você pretende... A economia colaborativa é, na maioria das vezes, uma economia criativa. E aí, o uso das ferramentas digitais precisa estar muito relacionado a essa dimensão da inovação, mas também desse uso autoral. Por quê? Eu costumo brincar, às vezes, quando as crianças e adolescentes falam eu vou ser youtuber, meu filho já falou isso pra mim aqui, eu vou ser youtuber, eu vou ser game. Eu falo, beleza, mas o que você vai fazer? diferente para as pessoas irem até o seu canal, né? O que você vai fazer? Que é um pouco disso, né? Como é que você vai dar autoria ao seu uso de ferramentas digitais? Não sei se aí também já... Se o teu filho já falou para você que quer ser youtuber também. É,

Speaker 1 | 40:10.448
você sabe que sim, né, Tiago? É, até acho que eu já tinha comentado com você, mas isso é pertinente aqui para eles. Você falou e me lembrei, esses tempos eu vi um rapaz... Ele foi campeão nacional de xadrez e ele começou a fazer espécie de vídeos para explicar como jogava xadrez, ensinar algumas estratégias. E ele abriu um canal, criou um canal de super sucesso, se tornou super famoso, fazendo jogos de xadrez, explicando estratégias. Mas quem poderia imaginar, né? Então é como você falou, não dá pra... pra qualquer um achar que vai ser um gamer, um youtuber. Então, tem que ter alguma coisa de diferencial, alguma coisa diferente, né? E o conhecimento, que nem esse rapaz tinha, alguma coisa muito específica. E aí, achei muito curioso, a Bethânia colocou aqui pra gente que ela tem um filho de 13 anos, Thiago, que já escreveu dois livros. Verdade no contexto atual, né?

Speaker 0 | 41:16.750
Um filho de criança. Exatamente.

Speaker 1 | 41:18.452
Como é que eu faço para melhorar as minhas discursivas? Como é que eu faço para ficar bom e fazer questão discursiva, Tiago? Você que sempre fala em questões autorais, né? A gente tem que ler, gente. Nós temos materiais na sala de aula, a gente tem que ler. Ler e responder com as nossas próprias palavras, colocar o nosso entendimento. Se a gente não ler, a gente não tem embasamento.

Speaker 0 | 41:41.838
É, criar rotinas de leitura e de registro, né? Sim.

Speaker 1 | 41:48.684
E tem muitas tecnologias digitais hoje. A gente não precisa ler papel, né? A gente tem tantas formas.

Speaker 0 | 41:53.447
E a gente pode alternar também, né? Eu alterno muito aqui. Eu tenho caderninho, né? Tá sempre comigo. Diversos cadernos. Também usando as ferramentas digitais. Você vai criando os seus pontos de rotina, de prática, né? Que isso tudo vai ajudando. Acho que isso é bem legal. Bem importante mesmo. E eu vi que muitas pessoas falaram sobre isso. Que eu acho que é um grande dilema mesmo, né? Que sempre que a gente vai discutir educação vai aparecer... que é sobre essas questões, o dilema do desenvolvimento das crianças, o papel da família, né? E de fato, gente, eu acho que assim, tudo que a gente discute em educação aqui, é inevitável que a gente vá falar isso, né? Mudou o papel das famílias, mudou brutalmente. Há uma mudança geracional de famílias mesmo. E essa mudança geracional impacta muito a educação. Então, quem vai entrar em sala de aula, tem que entrar sabendo que não são as mesmas famílias. Os pais dos seus futuros alunos não são como foram os seus pais, como foram os pais de outras gerações, que tinham um outro olhar para a escola, um outro letramento também. Isso também tem um impacto. Isso tudo é muito importante. E aí me remete, obviamente, a essa outra dimensão que é trabalho e projeto de vida. A BNCC tem essa preocupação, né? Que é essa ideia de desenvolver nos nossos estudantes essa visão a longo prazo do que eles querem pra vida. E aí, vamos lembrar o seguinte, ninguém tá dizendo que você vai jogar pra criança e vai começar a infernizar a vida dela, dizendo que ela tem que saber o que ela quer ser quando crescer. Não é nada disso. Tem pessoas que confundem. Você vai começar a falar com a criança. A criança está lá pequenininha, você fala, o que é isso? Tem que pensar, não é isso. Pensar a sua vida em perspectiva. É isso que é pensar um projeto de vida. Pensar projeto de vida está muito relacionado a ser capaz de tomar boas decisões. E aí voltamos ao velho, bom e velho Paulo Freire, que é a pedagogia da autonomia, no meu entendimento. O que é uma boa escola? O que é um bom professor? O que é um bom currículo? Além da aprendizagem conceitual, é aquele estudante que sai capaz de tomar boas decisões. E aí, como que a gente toma boas decisões? Sabendo identificar as oportunidades, mensurar os riscos, os benefícios. Tudo isso é uma competência. E aí, essa pessoa também, numa economia colaborativa, ela vai se dar melhor. Porque como a gente colocou ali, ela vai identificar as oportunidades e vai ser capaz de gerenciar projetos. Então, repito, quando a gente fala em trabalho e projeto de vida, não é ficar falando para a criança o que você vai ser quando crescer. Não tem nada a ver. Isso é só uma brincadeirinha que a gente pode fazer com as crianças. Quando a gente fala em preparar para o mercado de trabalho, não é necessariamente dar uma formação técnica para a criança. Mas é isso. O que é uma pessoa que se dá bem no mundo profissional? É também uma pessoa que é capaz de lidar com seus sentimentos, com o seu controle, a sua emoção. Acho que isso tudo é muito importante, né? E que também mudou muito hoje em dia, né?

Speaker 1 | 45:06.215
Com certeza. Eu até ia comentar com você, essa parte do trabalho, projeto de vida, é interessante porque cada um dos elementos que você está citando aí, eles se complementam. Então, parece que para chegar no trabalho e projeto... projeto de vida e eu precisei fazer a construção de todos os anteriores, mas também os posteriores que você vai citar, porque trabalho e projeto de vida se conectam muito com a questão do autoconhecimento. Porque trabalhar, como você disse, o trabalho e o projeto de vida não é você pensar o que você vai ser quando crescer, mas é muito do você conhecer-se, identificar-se, perceber-se em suas capacidades, em suas habilidades. Eu vejo muitos estudantes que a gente como professor, que tem um pouquinho mais de experiência, você olha e já percebe as capacidades, o direcionamento. Eu vou chamar aqui de vocação, mas não é necessário. necessariamente isso, mas aquela capacidade que o aluno tem, um pouco mais destacada, digamos assim, e às vezes o aluno não percebe, ele mesmo não reconhece aquela habilidade que ele tem e fica pensando, puxa, aí eu vou fazer, sei lá, vou fazer medicina, mas não tem nada a ver, ele tem uma total habilidade para outra área. Só para dar um exemplo aqui, então a construção deste trabalho e projeto de vida é levar aos estudantes esta reflexão de olhar para dentro de si, começar a pensar nas suas capacidades, nas suas habilidades, claro que também pensando no quanto você pode auxiliar no desenvolvimento da sociedade, tornar-se um indivíduo colaborador no processo de construção da sociedade, de melhoria de todos os elementos. elementos sociais.

Speaker 0 | 46:55.930
Perfeito. É, são cidadãos funcionais, né? Saudáveis. Isso mesmo.

Speaker 1 | 47:06.435
Emocionalmente equilibrados, né?

Speaker 0 | 47:08.416
Exatamente. E aí acho que também, assim, vamos fazer uma defesa também, né? Dessa geração, no sentido de que, em alguns aspectos, pra essa geração hoje, uma criança ou adolescente, algumas coisas são mais difíceis mesmo. Eu considero as incertezas econômicas, o ambiente global também. Então eu percebo que às vezes a gente bate muito nessa geração, essa geração que só quer saber do smartphone, TikTok, não sabe escolher, tudo aquilo. Uma geração que está ansiosa, que está frágil. Mas também há um lado que a gente precisa, como professores e futuros professores, há um lado que a gente precisa reconhecer também. Essa geração não escolheu estar jogada nesse universo da tecnologia veloz, do autoestímulo. né, Tiago?

Speaker 1 | 48:02.986
Por essa pressão muito grande. Eu sempre falo, quando nós éramos jovens, a nossa pressão na escola era estudar e ir bem. Hoje eles têm uma pressão muito grande de mídia, de aparência, de ter.

Speaker 0 | 48:16.713
O mais difícil é adolescente. Exato. E isso tudo muito espolar.

Speaker 1 | 48:22.537
E a gente pode trabalhar isso dentro dessa construção do projeto de vida.

Speaker 0 | 48:26.199
Com certeza. Que é pensar essa perspectiva, né? A média, o longo prazo, né? E acho que a escola tem um papel muito importante identificando justamente quais são os pontos que afligem esses estudantes.

Speaker 1 | 48:39.946
Esse é um elemento fundamental, né?

Speaker 0 | 48:42.508
Com certeza. Empático, né? Eu costumo dizer assim, a gente é professor, a gente tem um desafio muito grande na nossa carreira, no dia a dia, e que às vezes a gente é meio engolido pela rotina mesmo. Então a gente tem que tomar cuidado, porque às vezes quando a gente é engolido pela rotina, às vezes a gente perde um pouco desse olhar empático. para esses alunos, como você bem colocou, é uma geração que tem uma pressão maior sobre sua autoimagem, é uma geração que tem mais incertezas econômicas, é uma geração que está vendo, geopoliticamente está vendo algo que a nossa geração não viu. A gente viu ali a queda do muro de Berlim, o fim da União Soviética. Nossa, o mundo agora é uma paz, é um amor. Acabou a Guerra Fria, não vai ter conflito. No máximo ali uma guerra no Iraque. E hoje eu vejo os estudantes perguntando, o professor vai ter a Terceira Guerra Mundial? O professor pode mesmo ter uma guerra nuclear? Então muda muita coisa.

Speaker 1 | 49:37.141
Questão dos refugiados.

Speaker 0 | 49:40.123
Isso, os refugiados, um número recorde. Então não é um mundo melhor, em alguns aspectos é melhor, porque sempre vai ter aquela pessoa que vai falar assim, eu brinco com isso, porque sempre tem um que vai falar assim, mas na minha época eu tinha que acordar, pegar água no poço. Claro, hoje em dia tem algumas facilidades. Mas talvez, na nossa época, que a gente tinha que pegar água no poço, levava, tem um aluno meu que brinca que todo mundo da família dele levava o caderno no saquinho de mercado. Todo mundo, professor, todo mundo na minha família encapava o caderno com papel de pão. Que foda uma realidade. Mas todo mundo quer passar essa imagem. Na minha época era muito mais difícil. Mas algumas coisas eram melhores. Eu diria que, por exemplo... talvez quem viveu há 50 anos atrás, 40 anos atrás, tinha menos incertezas econômicas e menos aflições, menos pressões. Tinha menos trânsito,

Speaker 1 | 50:36.559
Tiago.

Speaker 0 | 50:37.219
Menos trânsito. Cada geração tem o seu dilema, a gente precisa respeitar isso, né? Porque senão fica parecendo que a gente sempre vai querer essa disputa geracional. Não, a minha geração sofreu mais que a sua, né? Só lembrando que a Bethânia citou ali a educação maker. Eu adoro esse tipo de estratégia, a ideia de uma cultura maker também. Acho que ela favorece demais as competências gerais, essa ideia de uma educação mão na massa e tal. Acho isso muito legal, o que a Bethânia falou.

Speaker 1 | 51:08.073
Favorece todas as que a gente comentou aqui. Inclusive, trabalha muito habilidades como concentração.

Speaker 0 | 51:16.759
E lembrando que a cultura maker está relacionada à mão na massa mesmo. Não é a tecnologia em si, a tecnologia digital, né? São diferentes tecnologias, né? É bem legal. Teve, recentemente, aí teve a Olimpíada Brasileira de... Era o concurso nacional de foguetes que estava dentro da Olimpíada Brasileira de Astronomia. Achei um negócio muito legal. É. Então, o concurso de foguetes, a maioria era todo mundo a massa, né? Não tinha tecnologia digital. Só fez foguete com garrafa PET, usou lançador de pressão com água, né? Então, foi tudo coisa assim.

Speaker 1 | 51:53.651
Aí vai a criatividade, né? Aí é interessante. Interessante, porque também, voltando aqui para as nossas competências, você tem que ter o conhecimento do processo técnico, como é que funciona para fazer o foguete ser lançado, mas aí vai a tua criatividade de usar os materiais diversos, aquilo que você tem ali na mão. Mas é muito interessante.

Speaker 0 | 52:16.183
Tem vários comentários legais ali, antes da gente passar para as próximas, para não perder alguns comentários ali. Por exemplo, o William falou que o incentivo dele é voltar a estudar depois de 26 anos. Foi o filho de 7 anos. Isso é bem legal. Está vendo? O Anderson falou do perigo.

Speaker 1 | 52:32.950
Muitos comentando que os filhos pequenos, ali na faixa de 2, 3 anos, aprenderam as letrinhas, os números no YouTube.

Speaker 0 | 52:40.413
Legal. A tecnologia já muda, né? ao mundo virtual também, aos perigos que o Anderson colocou, né? Tem sempre um lado positivo e negativo,

Speaker 1 | 52:49.857
né? E no meio digital tem muito essa dualidade. A gente tem que ter um olhar muito atento, um cuidado muito, realmente, muito intenso.

Speaker 0 | 53:00.462
E a Lídia colocou lá o respeito às habilidades, né? Que é o pergola, deu o exemplo. O filho dela tem a compreensão matemática rápida, mas às vezes é taxado de disperso por dificuldade com leitura. E aí esse tipo de rotulação, às vezes, que o aluno pode sofrer na escola, não ajuda em nada, né? Só piora, né? A Nelma falou também do aprendizado com os filhos. As relações que a Jéssica coloca do TDAH com tecnologia, tem vários estudos mesmo que têm tentado entender se o autoestímulo pode, de fato, influenciar. E aí a gente tem aqui a argumentação, que eu acho que é um elemento mais simples, que é algo que as crianças precisam aprender. E é interessante que todos os componentes curriculares podem contribuir, porque quando você tem situações-problema, o aluno é chamado a responder as situações-problema e pode construir. as respostas às situações de problemas através de argumentos. E tem muitas atividades interessantes que podem ser desenvolvidas em sala de aula. Na história era muito tradicional, ainda é muito utilizado, por exemplo, os tribunais. A gente vê também muito... Isso, exatamente. Tem muitas escolas que desenvolvem, até em parceria história e geografia, que são a Assembleia Geral da ONU, simulada. Isso, isso é muito legal. Tem algumas escolas que levam os alunos até a Assembleia Geral da ONU. Mas, eu acho que isso é interessante porque envolve toda a escola, porque o trabalho de argumentação é da linguagem, ele é textual. Então, a língua portuguesa pode contribuir para isso. Então, se eu estou construindo um argumento, fazendo uma simulação... da ONU, por exemplo, de uma Assembleia Geral da ONU, vamos falar sobre as questões climáticas, então tem dados estatísticos que a matemática pode ajudar, então dá para fazer trabalhos muito interessantes em que os alunos sejam chamados a construir argumentações. E perceba que a gente está falando de, claro, demanda, tem que usar um computador para fazer pesquisa, mas não é um trabalho que depende totalmente da tecnologia, porque a maior parte dos alunos vão realizar uma pesquisa e a partir daí... vão construir, vão consolidar os argumentos consultando o professor de matemática, a parte textual com o professor de língua portuguesa, as questões conceituais com o professor de história e geografia. Então dá para fazer muito trabalho legal porque a argumentação está muito relacionada à capacidade de persuadir e também da construção, digamos assim, do convencimento em relação à própria dinâmica. de uma economia colaborativa. Pode falar.

Speaker 1 | 55:53.724
Pode falar,

Speaker 0 | 55:55.146
Tiago. Eu ia passar para o próximo, mas aí fala.

Speaker 1 | 55:57.249
Deixa eu falar aqui antes de você passar. O ano passado eu participei com os meus alunos de uma simulação da ONU. Eu levei alunos do terceiro ano do ensino médio, no outro colégio foram mais de 15 colégios participantes e na sala que eu fiquei, na sala de debate específica, aconteceu uma coisa muito interessante que mostra o poder dessa questão da argumentação. O tema, normalmente nessas simulações da ONU, são os temas que a ONU está discutindo naquele ano e o tema ali naquele momento era a rota da seda. Um projeto econômico que a China vem desenvolvendo, então os países envolvidos eram os países envolvidos no projeto da Rota da Seda. E um grupo de alunos, o trabalho foi feito em duplas, então aí já entra a questão da cooperação, os alunos tinham que ir juntos. produzir um texto argumentativo para colocar a sua opinião ali e defender o seu país. Então havia uma pergunta central que era como o país seria favorecido com o projeto da Roda da Seda buscando desenvolvimento sustentável no objetivo lá dos desenvolvimentos do milênio.

Speaker 0 | 57:09.147
E eram coisas muito interessantes. Integradas, né?

Speaker 1 | 57:13.269
Isso. Uma coisa muito interessante que aconteceu foi que os países foram sorteados E dois alunos meus pegaram o Azerbaijão. E aí eles na hora falaram assim, meu Deus, professora, mas que porcaria! O que nós vamos fazer? Azerbaijão? Meu Deus, não serve para nada, não tem nada e tal. E eles ganharam um prêmio durante o debate, porque eles convenceram o grupo que o Azerbaijão ia participar do projeto construindo um oleoduto. e um canal para levar petróleo. Falando em desenvolvimento sustentável, energias renováveis, então veja, eles foram tão espertos, uma argumentação tão forte quando eles colocaram, eles levaram os alunos ao sentimentalismo de que o país economicamente precisava e tal, mas veja, eles souberam usar os argumentos certos, argumentar, falar. E ganharam ali. Então, vejam que interessante, né? Quando a gente consegue construir com os estudantes esse poder argumentativo.

Speaker 0 | 58:17.773
E fica a marca, justamente, da reversão dessa situação, né? Encontramos uma situação, achamos que não ia dar nada, que ia ser difícil, que ia ser muito ruim, e revertemos isso. É um aprendizado que não vai esquecer jamais, né?

Speaker 1 | 58:33.124
Com certeza.

Speaker 0 | 58:34.144
Todo mundo tem uma lembrança de uma atividade significativa na vida escolar, né? É.

Speaker 1 | 58:38.756
Para eles foi muito como foi para mim também. A gente aprende muito quando busca trazer essas coisas diferentes para os estudantes. Eu, como profissional, eu aprendi demais. Eu acho que a gente vai crescendo, né? A Assembleia da ONU fica em Nova Iorque, a sede da ONU, né? Onde eu colo em os movimentos. Inclusive, essa escola onde eu participei, ela levou os alunos para Nova Iorque. Alguns para fazerem a simulação lá. Então,

Speaker 0 | 59:06.518
claro,

Speaker 1 | 59:08.319
tem condições para isso.

Speaker 0 | 59:11.141
Quem não puder levar para Nova York, faz na sua cidade e vai gerar competências e habilidades para futuras pessoas que vão poder ir para Nova York. Eu sempre brinco com os estudantes. Lembre-se do professor e convide o professor para ir junto um dia. Aí a argumentação... Está de tudo o seu professor. Exatamente A argumentação, então, o autoconhecimento e autocuidado, acho que a gente falou bastante dessa ideia no projeto de vida que é acho que a escola tem um papel muito importante nessa ideia de fortalecer com os nossos estudantes a ideia de que Todos temos talentos, todos temos limitações, todos temos as nossas necessidades, e que, portanto, isso é normal. E a partir disso, dessa ideia, porque eu acho que é o grande pedido da economia mundial, nesse momento. Em alguns anos, todo mundo trabalhava em regime CLT, todo mundo tinha um horário para chegar, um horário para sair, um horário para almoço. O mundo do trabalho era um mundo muito... tranquilo, bem mais tranquilo. Muito tranquilo não era, nunca foi. Mas era um mundo formal, o trabalho formal predominava. A nossa geração pegou isso muito bem. E acho que aqui muitas pessoas viveram isso. O mundo do trabalho, todo mundo era CLT. As jornadas de trabalho, 40, 44 horas. As férias, o 13º. Hoje a gente vive uma mudança no mercado de trabalho que tem gerado também problemas de saúde mental nas pessoas. As pessoas que estão fazendo jornadas gigantescas. As pessoas que convivem com a incerteza do...

Speaker 1 | 60:54.762
A segurança do trabalho, né?

Speaker 0 | 60:56.763
Isso, a segurança do trabalho.

Speaker 1 | 60:57.924
Se vai estar ali, se vai estar amanhã, né?

Speaker 0 | 61:00.585
É. Tudo isso afeta significativamente a saúde mental. E indivíduos que têm uma capacidade de autoconhecimento e autocuidado maior tendem a conseguir ser mais resilientes e até mesmo conseguir sair, né? Às vezes, desse... de situações de trabalho, cuidar melhor da sua vida, que a gente sabe também que nem tudo é uma escolha, mas eu acho que quem consegue produzir um autoconhecimento e um autocuidado melhor vai conseguir equilibrar de forma melhor esse trabalho da vida pessoal. Com certeza.

Speaker 1 | 61:41.966
Novamente, conectando com todo o resto, Tiago, eu vejo muitos pais hoje que conversam conosco na escola e falam, eu queria muito que o meu filho conhecesse os seus talentos, desenvolvesse as suas habilidades para abrir o próprio negócio, para saber lidar sozinho, sem precisar ficar dependendo do trabalho em tal lugar. Então, como você falou, se há um tempo atrás o trabalho formal, rígido, a carteira assinada, você ter o... ponto lá, bateu ponto, era a regra, hoje a gente vê muito mais flexibilidade e uma busca pela construção de um outro tipo de trabalho, em que você também tenha mais flexibilidade pra você, pra fazer suas coisas e isso requer, né, claro que o desenvolvimento de competências muito diferentes daquilo que havia um tempo atrás.

Speaker 0 | 62:34.150
com certeza e aí empatia e cooperação pra gente caminhar aqui pro final acho que a cooperação não há dúvida nenhuma do quanto é importante e o desenvolvimento da empatia empatia é algo que eu diria que é além de se colocar no lugar do outro, mas você é capaz de sentir, de vivenciar o outro, algo que é profundo Não há cooperação meramente formal, nunca vai ser verdadeira uma cooperação meramente formal. Ela vai ser só ocasional. A cooperação profunda se dá no momento que eu entendo quais são as suas necessidades, o que você precisa e você entende aquilo que eu preciso. Eu sou capaz então de produzir, de construir algo. que vá respeitar o seu jeito de ser, as suas limitações e as suas possibilidades. Então, acho que a empatia está diretamente relacionada à habilidade de cooperação. Se você é uma pessoa que é incapaz de respeitar, conviver e de entender as diferenças das outras pessoas, vai... não vai ter cooperação. E numa economia colaborativa, a ideia de confiança e colaboração é fundamental. Então não tem como ela existir sem uma empatia. E por fim, a responsabilidade e a cidadania. a cidadania é algo fundamental quando a gente fala em cidadania que é a capacidade de conviver em sociedade a palavra cidadania vem justamente dos assuntos da polis lá na Grécia Antiga que são os assuntos que dizem respeito à comunidade aquilo que afeta o outro e isso é muito importante

Speaker 1 | 64:27.734
Muito válido nos dias atuais, né, Tiago? Eu acho interessante que a construção dessas competências, ela se dá gradativamente, a gente observa que parece que estamos subindo uma escada para fechar o último degrau. com você saber agir em sociedade, somos seres sociais, vivemos em sociedade, e a gente identifica no contexto atual os diversos problemas que ocorrem pelo fato de as pessoas não saberem. de poderem viver em sociedade, de serem egoístas, de pensarem só em si. Então toda essa construção que nós estamos tentando desenvolver na escola busca a melhoria da sociedade, aquilo que nós esperamos que seja um dia um mundo muito melhor para se viver.

Speaker 0 | 65:17.604
Perfeito. E essa responsabilidade que a gente quer desenvolver nos nossos alunos, a gente precisa praticar. Então, ser docente é um exercício de responsabilidade e de complexidade. Como eu falei... o mundo que a gente vive ele é diferente do mundo o mundo que os nossos estudantes estão vivenciando, construindo a sua educação é diferente do mundo que a gente viveu nós vivenciamos uma outra realidade e se a gente ficar preso na realidade que a gente vivenciou, na nossa experiência pessoal, aliás ser professor é partir da sua experiência pessoal para o coletivo Professor preso à sua experiência pessoal, quando eu vivi, quando eu estudei, vai ser um professor fracassado. Por quê? Porque ele não vai ser capaz de construir com seus estudantes conhecimento. Ele vai vivenciar um embate com seus estudantes. É o que a gente vê, muitos professores frustrados. Por quê? São incapazes de sair da sua experiência pessoal. Isso não significa que é fácil ser professor. Basta sair da minha experiência pessoal, ser o melhor professor do mundo, mais feliz. Não. Existem inúmeros desafios, inúmeras dificuldades que não são responsabilidade do professor. O professor não é responsável por tudo. Mas um primeiro passo, e aí tenho que fazer agora 20 anos de profissão, passando por diferentes redes, trabalhando na rede pública, na municipal, estadual, federal, na rede privada. e tive a oportunidade de conhecer a realidade educacional de quase todos os estados brasileiros durante alguns anos, mais de 200 municípios, eu digo que é fundamental esse processo de... da gente abrir um pouco o nosso olhar para essas transformações e construir, então, e nos tornarmos melhores profissionais a partir disso. disso, tá? Então, acho que é isso, né? É só, eu tinha combinado aqui, né, que eu ia, esse documento aqui, ele pode ser compartilhado, eu acho que eu vou colocar no chat aqui, deixa eu ver se eu consigo, é que o pessoal tá comentando aqui bastante.

Speaker 1 | 67:46.436
Tá.

Speaker 0 | 67:47.717
É.

Speaker 1 | 67:47.837
Professor,

Speaker 2 | 67:48.978
se você preferir, eu posso fechar o chat.

Speaker 0 | 67:51.760
Não, não precisa, eu vou fazer o seguinte, eu vou fazer assim, é, é, a galera tá comentando bastante, é, e eu não quero Então, o que eu vou fazer? Eu vou compartilhar aqui. Quem quiser baixar esse documento que a gente preparou aqui, que mostra justamente a relação das competências com a... Economia colaborativa. Está aqui. Está vendo?

Speaker 2 | 68:17.473
Prof, a gente também pode disponibilizar o material na sala de ensino digital. Sem problema nenhum. Seu encaminho material.

Speaker 0 | 68:25.438
Perfeito.

Speaker 2 | 68:26.199
E a gente deixa lá também.

Speaker 0 | 68:27.940
Se o pessoal quiser, eu quero dar uma olhada antes de dormir. Tá, brincadeira. Não faço isso. Antes de dormir, não faço isso. Brincadeira, gente. Tá? Acho que está aparecendo aí, né? Tá. tá? E aí também a Erika disponibiliza lá na sala do ensino.

Speaker 2 | 68:48.987
Eu já tô com acesso no material aqui, eu já vou baixar pra disponibilizar pra ele o material.

Speaker 0 | 68:54.028
Obrigado, Erika.

Speaker 1 | 68:55.348
Olha que legal.

Speaker 2 | 68:56.009
Já vou ler o material antes de dormir.

Speaker 1 | 68:59.310
O aluno colocou ali que quem vive de passado é museu, Thiago é historiador, mas não gosta de viver de passado, só pra explorar o futuro.

Speaker 0 | 69:09.992
Ixi, o passado, eu brinco o seguinte aqui, eu tenho o A tela de bloqueio do meu celular aqui.

Speaker 1 | 69:16.322
Não dá pra ver, eu não vejo pelo menos.

Speaker 0 | 69:18.485
Que é uma obra de arte do Paul Klee que chama Ângelos Novos. Que é um anjo horrorizado. É um anjo apavorado, porque ele está sendo engolido pelo passado. O passado realmente, às vezes, ele é muito perigoso, muito aflitivo. Mas a gente precisa.

Speaker 1 | 69:36.950
Quando a gente fica preso nele.

Speaker 0 | 69:39.171
Exatamente. Mônica, eu queria agradecer demais a parceria, a Érica também. Acho que a Érica tem uns recados finais para dar antes da gente...

Speaker 2 | 69:48.173
Eu quero agradecer. Essa aula foi muito massa. Agradecer a todos e a todas que estiveram conosco. Quatrocentos alunos. A gente conseguiu receber nessa noite linda. Amanhã nós teremos aula comigo para falar um pouquinho do que vai ser a atividade contextualizada, a abertura da atividade contextualizada da nossa disciplina de ensino digital também ocorre amanhã. E aí a gente vai falar um pouquinho sobre como fazer a entrega, como desenvolver a resenha, cada área temática que foram apresentadas aí. Lembrando que a área temática hoje, como vocês puderam perceber, foi das licenciaturas lindas e maravilhosas. Estou bem tendenciosa a estudar pedagogia, gente.

Speaker 1 | 70:29.671
A gente se apaixona.

Speaker 2 | 70:32.193
A verdade é essa. E obrigada. Semana que vem, segunda e terça, a gente tem mais dois dias de jornada com a jornada de trabalhabilidade. Quarta e quinta, jornada de nivelamento de informática. Então, até dia 12 do sete, vocês têm encontros diários com o time do EAD na nossa conexão, conectando... pessoas e encurtando distâncias. Professores, muito obrigada pela participação, pelo envolvimento de vocês sempre. Vocês são maravilhosos na condução desse assunto tão necessário. Um beijo pra vocês.

Speaker 1 | 71:11.630
Beijo. Obrigada, Erika. Obrigada a todos. Tchau, tchau.

Speaker 0 | 71:14.854
Obrigado. Bom descanso, gente.












SEGUNDO DIA




TRANSCRIÇÃO
Speaker 0 | 00:02.768
Boa noite, estudante ingressante, seja muito bem-vindo, seja muito bem-vinda ao encontro do nosso segundo dia da Jornada de Integração Acadêmica. Hoje nós temos um tema muito especial, muito pertinente para o nosso desenvolvimento em relação ao empreendedorismo, que é o tema empreendedorismo colaborativo, que é o tema central da nossa Jornada de Integração, e hoje com um convidado muito especial. Eu vou passar a palavra para o meu querido, sou fã desse coordenador, ele sabe disso. O Ipirangi é coordenador do grupo, professor também do curso de teologia, coordenador do grupo de teologia. E é sempre uma satisfação dividir a PNAP com ele. O Ipirangi, vem conversar com a gente um pouquinho. Chama o nosso convidado e professor Henrique, seja mais uma vez muito bem-vindo.

Speaker 1 | 00:58.188
Bom, Érica, a melhor coisa é quando a gente está com quem a gente ama. E você mora no coração, os nossos alunos também. A gente tem hoje um dos temas, acho que fundamentais para os tempos atuais, um tema que exige que a gente abra a cabeça, que a gente consiga enxergar as diversas possibilidades. O mundo mudou, a gente tem que mudar aquela... velha expressão de sair fora da caixa, e sair fora da caixa não é fácil mudar a mentalidade, mas mudar a mentalidade é fundamental. A gente tem o privilégio hoje de ter com a gente o Henrique, que é um dos grandes nomes nessa área do associativismo, da colaboração. E Henrique, eu queria... Primeiro que você contasse sua história, para que a gente pudesse te conhecer. Isso é fundamental e depois a gente começa a te fazer algumas perguntas importantes sobre associativismo. Vamos escolher um nome só, você vai me dizer qual o nome que a gente vai usar para não ficar confuso para todo mundo. A palavra é tua, meu querido. Seja muito bem-vindo.

Speaker 2 | 02:23.932
Olá, gente. Primeiro quero agradecer a professora Érica, a professora Ilda Gimbroni, pela excelente e primorosa recepção. Saudar os estudantes, as estudantes que estão aí ingressando nos cursos, nos diversos cursos, pelo que eu estou aqui acompanhando no chat. Estão dando um passo importante na carreira profissional, mas também pessoal de vocês. os cursos de ensino superior, eles têm essa capacidade de nos habilitarmos profissionais, mas também de estarmos repensando as nossas práticas, os nossos pensamentos, então eu não tenho dúvidas de que vocês sairão diferentes sempre de como entraram. Bom, eu sou Henrique, Henrique Costa. Sou daqui da cidade do Recife, no estado de Pernambuco, a capital é Recife. Sou professor do curso de serviço social, sou professor do grupo C educacional desde 2019 e sou professor do curso de serviço social na modalidade digital desde 2023. Sou assistente social de formação. e sou doutor em serviço social. Além de tudo isso, sou também um jovem com muita esperança nas mudanças possíveis ainda para esse mundo. Muito esperançoso de que a gente junto consegue fazer muita coisa. Vim para cá, para o Recife. Não sou da cidade do Recife, eu sou do interior, do Agreste de Pernambuco. e vim para cá há cerca de 12 anos, quando muitos jovens fazem esses deslocamentos na vida, na expectativa das mudanças, e foi esse translado de lá para cá que me conectou a uma série de questões que hoje a gente vai estar conversando e que também me permitiu agora estar aqui com vocês, inclusive, né? Então, essas escolhas que vocês também estão fazendo na BEP e que ingressam no curso... foi também o que me permitiu estar aqui com vocês hoje. Tenho trabalhado em organizações não governamentais desde 2015, profissionalmente falando. bem próximo de completar 10 anos, e tenho experiência em algumas organizações aqui na cidade do Recife e algumas consultorias para outras organizações de outros estados. O Brasil é um país rico de organizações, de uma governamentagem. A última pesquisa que foi feita mostra que a gente tem cerca de 800 mil ONGs no Brasil. Então, são muitas... É... São muitas organizações com muitas pautas nas quais elas trabalham, com diferentes estratégias. E a ideia também daqui é que vocês possam enxergar esse lugar como campo de possibilidade, de possibilidade de atuação profissional, de possibilidade mais do que atuação profissional, de relações mesmo interpessoais. Então, a ideia... que a gente possa ir a partir desse diálogo e ir compartilhando um pouco de como essas organizações têm produzido tantas questões bacanas para a nossa sociedade.

Speaker 1 | 06:11.307
Henrique, que coisa bacana ouvir tua história. Você sabe quando você estava falando aí, Henrique? Você sabe que eu estou em Curitiba hoje. Graças a Deus não está aquele friozão ainda. Está começando a esfriar de novo, passamos calor durante o dia, mas nos meus primeiros cinco anos de idade, eu passei em Recife, eu vivi em Recife, nos meus primeiros cinco anos de idade. E eu lembro que, eu não sei se foi domingo ou ontem, você que é da área, quer dizer, é da área, que a gente diz que o cara de serviço social é o cara que conhece tudo. Se ele não souber, é porque ainda não está na moda. Foi o dia que se comemora o dia do idoso, ou alguma coisa assim. Não foi isso? Acho que foi ontem ou domingo. E aí eu abri a porta aqui, porque a gente abre a porta do meu prédio com reconhecimento facial. Eu abri para o menino. Aí ele passou e falou assim, obrigado, tio. Aí eu falei, meu Deus, eu era aquela criança em Recife que ficava batendo a cabeça nos postes porque eu saía com a minha mãe na rua. E eu ficava olhando os prédios, eu ficava deslumbrado com o tamanho dos prédios, olha quanto tempo, e aí eu vivia batendo cabeça em poste, né? Aí eu falei, meu Deus, como o tempo passa de bater cabeça em poste para chegar a esse tempo. Quando é que você começou a bater a cabeça em poste, Henrique? Quando é que você começou a sonhar com essa coisa de cooperativismo, de associação? Como é que isso começou no teu coração? para a gente saber se dá para começar no nosso coração.

Speaker 2 | 07:58.159
Certo. Então, como eu disse, eu vim para cá, para a cidade do Recife, há cerca de 12 anos, e quando eu cheguei aqui na cidade eu tinha 15 anos, e estava prestes a completar 16, foi quando eu comecei a graduação. E na graduação, a graduação em serviço social é uma graduação que exige muitas reflexões, que a gente começa a pensar. com mais profundidade sobre as questões que estão postas aí no mundo. Começamos a desenvolver sensibilidades também para coisas que agora não estavam tão presentes no nosso pensamento. E aí, no segundo semestre da graduação, a gente teve a oportunidade de fazer visitas a espaços profissionais de atuação das agências sociais. E aí, uma dessas... É... A docente nos dividiu em grupos e o grupo em que eu fiquei, a gente fez a visita a uma organização não governamental, que é uma organização que tem muitos anos aqui, é quase mais de 30 anos, 32 anos, aqui no Recife, que é a Gestos, que é uma organização que atua com pessoas que vivem com HIV e AIDS. E a gente foi fazer a visita lá e aquilo me encantou bastante, assim, porque... A imagem que eu tinha de pessoas que viviam com HIV era uma imagem muito diferente da que eu encontrei quando eu cheguei lá. Então, eu lembro que na visita que eu fui, eles estavam desenvolvendo um curso de empreendedorismo em gastronomia para as pessoas que viviam com HIV. Porque essas pessoas, elas encontram ainda algumas barreiras mesmo no acesso a emprego e renda. que a proposta da organização naquele momento era fortalecer as pessoas para que elas pudessem, enquanto grupo, primeiro se fortalecer emocionalmente. mas também para que elas começassem a produzir caminhos para a sua renda, para a configuração da sua renda, né? Enfim, e aquilo me encantou bastante. Os anos foram passando, né? A gente, a graduação, ela exige tempo, exige energia, então os anos foram passando. E em 2015, né, já ali no final da graduação, eu conheço uma grande amiga de um outro... curso de psicologia que disse que estava se formando um coletivo de jovens com o objetivo de atuar nas políticas públicas. Qual era o entendimento naquele momento que a gente... A juventude é o futuro, não só a juventude, mas também a juventude é fundamental para o futuro da humanidade, a infância, todas as gerações, elas têm contribuição a dar, mas pensando no futuro, aquilo que a gente espera que mude. As juventudes são fundamentais. E o que a gente percebia naquele momento era que, embora as juventudes fossem muito importantes, porque todos os dados, os dados de desemprego, os dados de violência, às vezes, mas também os dados de geração de renda, apontavam para a juventude. Mas havia uma baixa participação dessa juventude nos espaços de decisão. Então, essa mesma juventude tão importante não conseguia estar em todos os espaços. Discutindo com a iniciativa privada, soluções, né? Diante dos tantos desafios que tem, discutindo com a iniciativa pública. E aí, naquele momento, eu comecei a compor esse coletivo. E a partir da composição desse coletivo de jovens, né? Então, numa perspectiva associativista, né? Então, o associativismo é isso, né? São grupos que se... que se unem, que se juntam em prol de causas, em prol do fortalecimento desse grupo, do avanço de agendas que são importantes para aquele grupo. Então, a partir disso, a gente começou a se organizar. Foi um coletivo de jovens do Brasil inteiro, e esse coletivo nos permitiu, a minha inserção nesse coletivo me permitiu ir para vários espaços. Então, a gente começou, enquanto coletivo, a ser convidado a dar contribuições para a construção dos projetos, dos muitos projetos, dos projetos do Estado, desenvolvidos pelo Estado, dos projetos desenvolvidos pela iniciativa privada. E aí, a partir desse coletivo, eu tive a possibilidade de começar a atuar com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODSs, e essa... confluência de jovens, foi fundamental para que eu pudesse chegar nesse lugar, a possibilidade também de uma atuação profissional. Então, veja, a princípio eu busquei por interesse pessoal e depois isso vai se transformar também em minha rede de atuação profissional. Então, comecei nesse momento, ali em 2015, e aí, a partir disso, a gente começa a capilarizar a organização, o grupo, e começamos a participar de várias coisas que eu, de fato, nem imaginava que existiam. Então, tive a oportunidade de viajar para sete países a partir desse coletivo, conferências de juventude, propostas pela Organização das Nações Unidas no Chile, na Nova Zelândia, e também, obviamente, me articulando e dialogando com os jovens da minha... da minha cidade. Então foi a partir daí que eu começo. E aí depois, em 2016, eu finalizo a graduação e aí é uma outra etapa, que é quando eu começo a trabalhar como assistente social em uma outra organização.

Speaker 1 | 14:01.591
Henrique, você começou cedo a graduação, você é um menino, começou cedo. Como é que pode o menino já começar a sonhar e já ir longe? A gente está vivendo um momento no mundo de muita preocupação, de extremismos, de divisões, que são muito preocupantes. Não é um fenômeno que a gente vê apenas no Brasil, mas no mundo todo e que pode prejudicar, está prejudicando, mas pode prejudicar, inclusive, a nossa própria sobrevivência. Na tua cabeça... Qual seria o primeiro passo para a gente pensar o associativismo vencendo essa mentalidade de extremismo, de separação? Você acredita que isso é possível? Como é que a gente faria isso?

Speaker 2 | 15:03.283
Sim. Uma das coisas que a minha experiência, em nenhuma organização com juventude que eu tenho, foi perceber que, enquanto jovens, nós somos muito diferentes. E isso é uma diferença que estará em todos os grupos. Então, se a gente vai pensar as mulheres, elas também são diferentes. Se a gente vai pensar os homens, eles também são diferentes. Se a gente vai pensar as pessoas em determinada religião, elas também são diferentes, elas pensam diferente. Então... Eu sempre tive bem claro para mim que as nossas diferenças, elas não são obstáculos para o nosso desenvolvimento enquanto sociedade. Pelo contrário, as nossas diferenças, elas não só são importantes, como elas são fundamentais para essa relação que se estabelece na humanidade. E é óbvio que a gente pensa diferente, é óbvio que, inclusive pensando no mundo do trabalho mesmo, assim, né? Quando a gente trabalha... A gente convive com pessoas, com pensamentos diferentes, com posturas diferentes, com educação diferente. Mas ainda que sejamos diferentes, a gente consegue ter uma unidade que nos permite caminhar enquanto profissionais. E assim eu também penso que é o mundo. É preciso que a gente saiba que essas diferenças vão estar postas nas nossas relações e nas organizações não governamentais. Não é diferente. inclusive uma questão que eu já vi que apareceu aqui no chat, que eu acho que é importante comentar, é que o perfil das organizações no governamental do Brasil é muito diverso. Então, tem organizações que recebem recursos privados de empresas que fazem doação, tem organizações que fazem parceria com o Poder Público, tem organização que recebe recursos de fundo público, de fundos privados internacionais. Tem organizações também que captam seus recursos através de doação, que trabalham a partir do voluntariado. Então, há essa diversidade também nas organizações. Então, eu fico pensando que um caminho interessante para que a gente consiga avançar é entender que, inevitavelmente, e que, bom, somos diferentes, entender que a nossa sociedade exige que demos, exige que a gente dê atenção a alguns grupos. obviamente porque esses grupos estão mais expostos, mas que essa exposição a qual esses grupos estão colocados não pode virar a assistência que todo mundo, enquanto humanidade, precisa ter. E, obviamente, o diálogo. Uma das coisas que me permitiu estar há tanto tempo nas organizações e continuar nelas é perceber que o diálogo é chave para muita coisa do que a gente precisa fazer. E dialogar significa dizer ouvir o outro também. E às vezes na escuta do outro também mudar aquilo que a gente pensava. Eu acho que hoje esse é um grande desafio que temos. Nós ficamos enclausurados nas nossas verdades e não nos abrimos para o diálogo. E aí o diálogo é um espaço em que você fala, que você escuta, que você aprende, que você ensina. Então essa troca é fundamental.

Speaker 1 | 18:30.583
Henrique, você falou uma coisa, eu já vou aproveitar e encadear algumas perguntas aqui. Muita gente esquece, e eu achei sensacional você dizer isso, existe, tem diferenças. Ou seja, não tem que ter igualdade, não fica tentando uniformidade, aprenda a conviver com a pluralidade. A diferença é algo saudável. Agora, precisa ser canalizada através do diálogo, através da escuta. É isso que você tem destacado. Algumas pessoas têm perguntado, Henrique, o que caracteriza de verdade um associativismo, uma ONG ou uma cooperativa. Como é que elas poderiam definir isso? E aí... Encadeando também junto, eu queria te perguntar, é preciso ter uma causa comum ou é possível conviver num determinado coletivo com causas parecidas, mas com ângulos diferentes? Não sei se você conseguiu entender.

Speaker 2 | 19:54.460
Sim. e as organizações governamentais que são as ONGs são entidades né privadas sem fins lucrativos. E o que caracteriza uma organização não governamental? É justamente o estatuto que essas organizações possuem, que é diferente de uma entidade privada ou de uma entidade pública. Por isso que, às vezes, vocês, quando ouvirem falar de organizações não governamentais, vocês ouvirão falar de terceiro setor. E aí, o que seria esse terceiro setor? é justamente esse lugar em que não é um órgão de Estado, que é público, mas não é um órgão privado com fins lucrativos. Então, é por isso que se caracteriza terceiro setor. No caso das organizações governamentais, elas podem desenvolver ações tanto de ordem associativista quanto de ordem... cooperativista e qual é a diferença né é a diferença de respeito ao objetivo mesmo então o associativismo ele tá mais ligado é a uma atividade de cunho social o lito formativo em que os grupos se organizam para desenvolver ações de fortalecimento entre esses grupos e aí fortalecimento emocional e fortalecimento possível fortalecimento polígico fortalecimento às vezes em ações de saúde assistência direta às pessoas então eu vou dar um exemplo para fazer essa diferença talvez clarear mais veja essa organização que eu fiz a visita lá em 2013 né 2012 para 2013, ela é uma organização de pessoas que vivem com HIV e o foco delas é prestar assistência social e psicológica e fazer formação para o fortalecimento político dessas pessoas, certo? Nesse caso, essa organização tem um dos seus eixos baseado no associativismo, ou seja, aquele grupo de pessoas começa a se reunir, se associam, e essa associação permitirá com que elas, enquanto grupo, tenham as suas agendas visibilizadas. Porém, existe uma outra dimensão dentro das organizações não governamentais, que é o cooperativismo, que é uma dimensão muito mais voltada para... para o fortalecimento e desenvolvimento econômico. Então, essa mesma organização fazia esses dois eixos. Então, tinha os grupos que estavam ali se reunindo e se fortalecendo, e tinha também esses mesmos grupos, que não eram todas as pessoas que estavam criando uma cooperativa, e pessoas que viviam com HIV, que estavam formando uma cozinha solidária. em que essa cozinha, eles produziam juntos os alimentos, e aí, administrativamente, como isso era distribuído em termos de lucro, eu não tinha acesso, óbvio, né? Cada grupo vai definir a sua forma. Mas o que é que conta nesse caso? É uma cooperativa em que todos colaboram, né? E que essa colaboração mútua, na medida em que ela traz benefícios, esses benefícios também são cultos, né? Então, eles eram empreendedores, mas não empreendiam individualmente, eles empreendiam em coletivo. Então, essa é uma diferença importante entre um e outro. Agora, tem organizações não governamentais que têm um perfil mais cooperativo. Então, por exemplo, aqui não é no Recife, é no Sertão. A gente tem uma organização que trabalha com cooperativismo agrícola. de cooperativismo no âmbito da agricultura familiar. Então, os agricultores, essa organização trabalha fazendo capacitação de agricultores e também no fortalecimento dos processos de venda e marketing daquilo que eles produzem. Então, esses agricultores estão lá no sertão, produzem ou fazem uma parte desses agricultores. está ali plantando, está ali colhendo, e eles têm uma loja aqui no Recife, onde eles vendem os produtos que foram plantados e colhidos lá na zona rural. E aí os lucros e o processo de produção é compartilhado. E aí essa organização dá esse suporte a esse grupo de pessoas no sentido de fortalecimento econômico mesmo. tem várias experiências dessas aqui, não só aqui, mas no Brasil inteiro, de mulheres, de pessoas que trabalham com reciclagem, de juventude, de pessoas LGBTs, trabalhadores rurais, inclusive no ramo da educação também tem, eu estou lembrando aqui de uma organização que é formada por professores de inglês. Então, esses professores trabalham numa perspectiva de cooperativista. Então, eles criaram uma organização em que os diversos professores vendem os seus trabalhos de forma cooperada e cada professor fica responsável por uma etapa. Então, tem aquele que faz os anúncios na rede social, tem aquele que dá as aulas, tem aquele que capta os alunos. Ou seja, é uma forma diferente e solidária também. de produzir recursos.

Speaker 1 | 26:07.975
Henrique, você falou uma coisa que me remeteu à questão do momento atual em que a gente tem um certo glamour por sucesso. A gente tem uma onda de coaches vendendo felicidades. E aí as cenas são as mais lindas, com as músicas mais lindas, você conquistando todas as coisas. E aí você me dá uma experiência de um grupo que tem HIV e que está fazendo comida. Ora, a gente sabe que na sociedade que a gente vive ainda há muito preconceito. E é possível que pessoas imaginem que abriu uma ONG, abriu uma associação, não tem a ver com vencer preconceitos. Porque eu acho que muita gente, inclusive, se associa ou faz cooperativas para tentar sobreviver, para tentar dar a si uma dignidade que lhe foi roubada, como pessoas trans, LGBTs, alguém aqui perguntou das pessoas com autismo. Enfim. É isso mesmo? A gente tem que aprender a vencer os medos para começar a fazer isso, Henrique?

Speaker 2 | 27:41.475
Exatamente. Eu acho que é transformar o corpo dessa dor que o preconceito traz em combustível para continuar caminhando. Eu vou voltar para a experiência desse grupo de pessoas com HIV que começam a empreender. Porque, vejam... entre esse grupo havia uma diversidade muito grande de pessoas, porque o HIV era só um questão, mas as pessoas que acompanham esse grupo, que produziam, algumas sabiam ler e escrever, outras não sabiam. Algumas sabiam cozinhar, outras não sabiam. Algumas sabiam acessar e manusear as ferramentas tecnológicas, outras não sabiam. E o que me chamou a atenção foi que o ponto de partida para que eles se juntassem foi serem pessoas que viviam com HIV. Mas na medida que eles se juntaram e decidem empreender coletivamente, eles percebem que há muitas diferenças e disparidades entre o próprio grupo. Essa diferença e disparidade poderia ser combustível para eles simplesmente se separarem, dizer assim, vamos nos juntar apenas com quem tem o mesmo grau. de instrução, de formação, de acesso à internet que eu, porque a gente caminha mais rápido. Mas pelo contrário, eu acho que justamente também por eles terem passado por experiências de preconceito e discriminação, que eles desenvolveram com mais força essa solidariedade entre grupos. Então, na cooperação que eles desenvolvem, que até hoje eles vendem, fornecem alimentação, fornecem... almoço, depois eu vou dizer inclusive que a estratégia que eles tiveram, que eu achei bacaníssima. Eles se dividiram na medida em que eles distribuíram as tarefas do empreendimento a partir da habilidade de cada um. Então, as pessoas que não sabiam precificar, elas foram ajudadas por aquelas que já tinham alguma experiência com precificação. A pessoa que não sabia ler, mas sabia cozinhar, ela ficou nessa parte da produção. A pessoa que não sabia cozinhar, mas sabia manejar as redes sociais, ela ficou e está mais à frente desse mar. Uma parte do recurso que eles conseguiram com as vendas, eles pagaram um curso de marketing para uma das pessoas que está na associação e essa pessoa tem sido responsável por entrar em contato com outras ONGs, inclusive para vender os serviços de buffet desse grupo. Então, existe a questão da renda e essa questão tem sido fundamental para que eles continuem caminhando, são pessoas que estão ali. em processo de produção e que recebem por isso, tá? Algumas pessoas perguntaram aqui no chat, é tudo gratuito? Não, eles recebem, né? Eles vendem, eles tabelam, né? Eles, inclusive, recentemente fizeram uma parceria com uma instituição, com um curso de gastronomia de uma instituição, uma outra instituição, e essa professora do curso deu uma formação para o grupo, ensinando várias questões de técnica. que, enfim, que são importantes. Então, eles produzem, tabelam o que produziram, né? Quando alguém, por exemplo, eu quero um buffet para 30 pessoas, aí as pessoas entram em contato com eles, a pessoa informa como seria esse buffet, que gostaria, com os ingredientes, as refeições, os horários, se é para pegar, se é para deixar lá, se a pessoa vem pegar na própria organização. E aí, quando a pessoa... na medida em que a pessoa deseja o produto, eles passam o preço e na medida em que a pessoa deseja, eles vendem e, obviamente, tem um retorno financeiro. E esse retorno financeiro, eles têm as regras de como essa divisão vai se dar, mas esse retorno financeiro é distribuído entre as pessoas que estiveram no processo de produção. Então, não é gratuito. gratuito, né? Eles, de fato, vendem. E aí eles têm esse momento que passam, né? De venda, mas eles também estão juntos na terapia coletiva. Então, tem grupos terapeutas que eles se encontram e aí vão discutir sobre os dilemas da vida, as questões que passam, pensam saúde mental, apoiam e compartilham as suas histórias no sentido de apoiar mesmo o outro no desafio que ele está enfrentando. Então, é um grupo que eu observam que tem muita, mas muita solidariedade entre si, sabe? E não há uma glamourização, certo? No sentido de que tudo ocorre perfeitamente, há uma mil maravilhas, não é, é o mundo real, né? Então, assim, às vezes uma pessoa adoece, às vezes não está conseguindo um fim, às vezes tem uns conflitos também, né? Porque os conflitos fazem parte do nosso processo de vida. Mas, assim, apesar de tudo isso, eles seguem campeando, né?

Speaker 1 | 33:03.828
Henrique, uma coisa que você tem falado e tem mexido muito com a gente é essa ideia de que a gente aprenda a viver no mundo como ele é. Um mundo com diferenças, um mundo com pontos de vista diferentes, um mundo com necessidades mais diversas, um mundo em que se briga por autodeterminação, a possibilidade de que você determine Quem você é, que isso não seja determinado, é uma causa que cria estranheza para muita gente que prefere viver uma vida de falsa segurança, como se o mundo fosse um lugar seguro, como se a vida fosse um lugar seguro, como se viver não fosse enfrentar desafios diários. Você experimentou uma poção de coisas. Você viajou para muitos países. Algumas pessoas querem já saber como é que começa isso. O Henrique vai dar o caminho das pedras daqui a pouco, pessoal. Então, aguentem as pontas aí. Agora, Henrique, deixa eu te perguntar uma coisa. Você teve que vencer barreiras pessoais? Você teve que botar dinheiro do teu bolso? Vender coisas? Vencer desafios para chegar onde você está? Porque tem muita gente que acha o seguinte, poxa, o cara é importante. importante, participa de várias organizações, é um cara privilegiado, que Deus chegou lá e falou, todas as bênçãos vão pra esse aqui, o resto que se dane. Conte um pouquinho pra gente se isso já aconteceu com você ou não, Henrique, e se a gente tem que esperar que isso aconteça também com a gente.

Speaker 2 | 34:50.502
Sim. Então, muitos desafios, na verdade. Eu terminei o ensino médio e fundamental muito cedo. Eu terminei com 14 para 15 anos. Eu estava perto de completar 15. E algumas pessoas perguntam, mas como foi que você terminou tão cedo? O que foi que aconteceu na sua história, né? Que fez com que você acabasse num tempo médio diferente do que a maioria da população. E isso já foi, assim, o fato de ter terminado cedo foi o resultado de um desafio que, na verdade, eu enfrentei na infância. Porque minha mãe, ela era trabalhadora doméstica e chegou um momento do trabalho dela em que não era mais permitido eu ficar na casa da patroa dela, né? E aí, minha mãe não tinha por que me deixar e acionou a escola perguntando se era possível me colocar na escola. E aí, na época, hoje ainda tem uma idade mínima para que a criança entre na escola. Mas aí, diante da impossibilidade de ir em outro lugar para eu ficar, a escola acabou aceitando. E aí, foi por isso que eu comecei a estudar muito cedo, né? E da mesma forma... também foi o desafio ter vindo para cá, para o Recife, né? Imagina, eu sou de um interior que fica a 100 quilômetros daqui do Recife. Não é tão longe, mas eu nunca tinha vindo para o Recife antes de vir para estudar. E cheguei aqui no Recife sem nenhum familiar, sem nenhum amigo, sem nenhum ponto de apoio, sem recursos também, né? Eu estava vendo recentemente, muitas polêmicas rolaram sobre isso, mas a Madonna dizendo que chegou em Nova Iorque com 40 dólares, né? Eu não fui em Nova York, não foi 40 dólares, mas também cheguei com uma situação muito parecida aqui no Recife. E o que foi que eu pensei? Que a graduação, e na verdade o estudo, seria a alternativa que me permitiria viver esse mundo. Eu desde pequena sonhava muito em viver outras experiências, sempre gostei muito de desenhar e escrever. Então eu tinha um diário em que eu escrevia as coisas que eu queria viver quando eu crescesse. E quando eu cheguei aqui no Recife e vi esse mundo de desafios, mas também de possibilidades, eu disse, é isso. Eu vou experimentar tudo que for possível e tudo que tiver o meu alcance. E aí eu me dediquei ao máximo. E esse é um conselho que eu dou a cada um e a cada uma. Não façam o curso apenas por fazer. Se dediquem, estudem, aprendam, perguntem. busquem outros espaços. Foi assim que eu fiz. Então, eu estudei em uma instituição federal e eu fazia de tudo, assim. Eu era quase o Július daqui, da UFPE. O Július é de todo mundo odeio crise. Eu não sei se vocês assistiram, mas, enfim, o Július é o pai do crise, que tinha dois empregos, né? Ele tinha muito mais que dois. Então, piscava... você me encontrava como bolsista da secretaria da biblioteca. Piscava, eu estava na monitoria, depois na pesquisa, depois... Eu fiz quase tudo. Então, o que eu entendia é que ali era a chance mesmo de me conectar com aquele mundo que eu desejava conhecer. E aí, às vezes, sacrificava o sábado, às vezes, sacrificava o domingo para ir para congresso, para ir para evento. E aí, nesses congressos com... conversava com as pessoas, me apresentava, tentava entender o que as pessoas estavam fazendo. E foi também assim que eu entrei também no mundo das ONGs, nos eventos. Eu fui conhecendo o trabalho que as ONGs faziam, as ONGs às vezes fazem congresso, fazem palestra, e aí é bacana a gente ter esse contato com essas pessoas. E aí eu meio que selecionei quais ONGs eu tenho uma afinidade com o trabalho que elas desenvolvem. e ficava atento. Quando elas postavam alguma atividade e eu podia ir, eu ia. Às vezes era no sábado, às vezes no domingo. Nem sempre com recurso para me deslocar. Essa é uma outra estratégia que, não vou dizer aqui não como eu fazia, não, mas eu ia, eu chegava. E aí o que acontecia? Foi esses contatos e essas relações que me permitiram estar nesse lugar. E eu só vou dar mais um exemplo do quanto essas relações são importantes. O primeiro trabalho profissional que eu tive, eu comecei como assistente social, eu tinha me formado há três meses. E foi uma seleção que exigia experiência. O edital da seleção da ONG dizia, é desejável que a pessoa tenha experiência de, no mínimo, dois anos do trabalho numa organização que atuava com pessoas idosas. E eu não tinha. Na época eu tinha acabado de me falar, mas eu dizia, eu vou mandar algum livro. E quando eu cheguei lá, o selecionador, a pessoa que estava na seleção... era justamente o coordenador da ONG, que eu já tinha visto em vários eventos, e que a gente já tinha trocado muitas figurinhas, que eu já tinha, inclusive, me disponibilizado a contribuir, a participar no que pudesse. E aí eu fiz uma entrevista, uma entrevista bem tranquila, no sentido de que, se for possível, eu vou ser chamada, mas também, se não for, fica a experiência. E aí eu consegui passar E na época eu lembro que estavam concorrendo Profissionais que já tinham mais de 10 anos de experiência Então o que isso significa dizer? Que essas relações que a gente estabelece Elas também são importantes e enfim além desses aviões muitos outros né gente a gente tem um país que ainda é um tanto racista né que ele precisa avançar muito nisso né é um país que ainda não credibiliza como deveria a juventude então essa desconfiança se o jovem pode ou não mas se tem capacidade ou não então enfrentei em frente mas eu acho que os desafios eles precisam ser combustíveis para a gente se levantar Sabe? Porque não tenho dúvidas de que quem veio antes de nós já teve, já também viveu desafios que às vezes ainda é maior do que o nosso. E se a gente não se inspirar nessas histórias de outros e de outras que vieram e conseguiram avançar, a gente se paralisa. E eu acho que não é a ideia de ninguém. Henrique,

Speaker 1 | 41:41.100
muito bacana essa sua fala, porque porque ela conta uma coisa que a gente precisa relembrar o tempo inteiro. Histórias são criadas. A gente precisa aprender a criar histórias. A gente tem uma mania, talvez do senso comum, depende muito das comunidades onde a gente está, a aceitar aquilo que nos é imposto, mesmo que aquilo nos adoeça, nos prenda. E aí a gente tem medo de pagar o preço, de correr. Mas será que eu estou com 65 anos e consigo fazer pedagogia? Se eu que... Enfim, quando você fala de amar o curso... Eu até me lembrei aqui de um filme indiano muito interessante. Eu vi há muitos anos atrás, ele chegou ao Brasil em inglês, eu acho que deve ter por aí, chamado Os Três Idiotas. Eu não sei se você já viu esse filme, Henrique, mas ele é muito, muito, muito interessante. Os Três Idiotas. Gente, vejam esse filme. É um filme indiano que vai mudar a cabeça de vocês. Henrique, me diz uma coisa. A gente quer construir um mundo melhor. Eu acredito nisso. E a gente tem gente de vários filmes, de várias escolas aqui. A gente tem gente de nutrição, de pedagogia, de estética, de uma série de coisas. Como é que é possível, no empreendedorismo, como é possível, num curso desse, começar uma associação? Que conselhos você daria? Qual seria o primeiro passo? Você hoje, com a tua cabeça, com a tua história, novo, chega aí e num curso desses, ciências aeronáuticas na faculdade ou qualquer outro, vamos criar alguma coisa. Quais são os passos? Porque você mostrou uma opção de coisa boa. A gente faz amigos, a gente aprende que as ruas não são sempre retas, que existem as curvas. E nas curvas a gente encontra pessoas que a gente viu lá atrás e que vão nos ajudar bastante. Desculpa que é brincadeirinha, mas o mundo não é plano. Ele roda, a vida roda. Que conselhos você dá para a gente começar e se organizar nos nossos cursos agora ou quando terminar? Enfim, eu estou te perguntando, mas eu estou anotando tudo aqui, porque eu aprendi com a Érica que uma das coisas fundamentais para a gente é aprender com quem sabe. Eu estou aprendendo muita coisa contigo hoje à noite, que está me fazendo muito bem. Eu acho que a Érica também. Érica, vai preparando uma pergunta para o Henrique para finalizar depois o nosso bate-papo.

Speaker 0 | 45:02.226
Eu estou tão emocionada em ouvir tudo isso. Eu estudei muito isso quando eu estudei. Eu estudei na PUC, que aqui a gente não chama de PUC. A gente chama de católica e na católica a gente tinha muito essa vertente estudantil. Eu tinha um professor que ele tinha as suas mesmas falas, é impressionante. Ele dizia, precisamos de políticas públicas, de jovens que pensem fora da caixa e jovens que estejam dispostos a desafiar o mundo. E a juventude é isso, né? E aí eu queria que você compartilhasse com a gente, dissesse para a gente. Qual é o segredo do jovem que pensa fora da caixa, mas que principalmente ele pensa no outro? O colaborativo, ele vem disso. Ele vem muito de se colocar no lugar do outro. Eu acho que a grande característica desses jovens, e a sua, como o professor Piranji falou, você é muito jovem, você é muito novo. A maior característica de vocês é a empatia, mas ao mesmo tempo o desapego. o desapego do material, mas o desapego do se desapegar para ajudar o outro. E aí, através de políticas públicas, através de inovações, através de pensar fora da caixa, o que é que você podia dizer para o nosso jovem, quando se trata desse envolvimento colaborativo com outras partes?

Speaker 2 | 46:32.675
Sim. Veja, a primeira coisa que eu sempre digo aos meus alunos é que toda nova etapa da nossa vida, em toda nova etapa da nossa vida, a gente precisa criar um plano em que haja um propósito. Então, é importantíssimo que vocês tenham ali, às vezes até anotado mesmo na parede, em algum lugar que vocês consigam ver, qual é o objetivo de vocês ao ingressarem neste curso. O que é que vocês desejam? Segundo, como é que vocês se veem enquanto profissional daqui a 10 anos? Ai, 10 anos é muito tempo. É, é muito tempo. Mas eu não estou falando também que tudo o que você vai fazer hoje te levará exatamente ao que você gostaria de estar há 10 anos. Mas tudo o que você faz são passos que te levaram lá. Então, o primeiro passo, eu acho que é ter esse propósito e criar... conjunto de estratégias que não permitem que você se distraia no caminho, né? Pensando o empreendedorismo, pensando o desenvolvimento de carreira, né? E esse caminho que é tão importante, que é motivador para que muitos de vocês estejam aqui. Eu sempre considero que, assim, o que eu faria e o que eu fiz, né? Na verdade, o meu passado, que eu acho que é interessante, não como uma receita, mas como dicas, assim. Conversem com profissionais que já estão há um tempo trabalhando na área que vocês estão se inserindo em boa estudança. Percebam com eles as experiências, as estratégias, escutem os conselhos. Da mesma forma, os professores, os professores dos cursos, são professores de larga experiência, que têm condições e que fazem isso, de apontar os caminhos. É claro que cada um em cada uma vai escolhendo o seu caminho, sua trajetória a partir de sua realidade. Mas eu acho importante ter esse nó, esse horizonte para onde olharmos. E esse horizonte às vezes está nos encontros que vocês têm com os professores, nas aulas que são gravadas, nas trocas que vocês podem estabelecer com outros profissionais. Tem cursos que os estágios já são possíveis mais cedo. Para quem tem a possibilidade de realizar estágio, é também um caminho. A articulação com outros profissionais pode permitir que você faça, por que não, uma parceria, por que não, uma atividade de colaboração conjunta. E claro, gente, claro que o recurso é importante, porque sem ele a gente não consegue sobreviver. Mas a tendência dos profissionais que... busca uma profissão e que desenvolvem ela apenas, eu não estou dizendo que não é importante, mas apenas pelo recurso, é de ter algumas frustrações, porque a gente também precisa encontrar prazer no que nós fazemos. E esse prazer, quando ele é compartilhado, quando ele é vivido de forma coletiva com o outro, ele é muito melhor e muito mais sustentável. Então, eu fico pensando nesses caminhos. Hoje, eu não estou mais trabalhando em nenhuma organização governamental de forma fixa. Então, eu trabalhei... sete anos, né, quatro em uma organização, três em uma outra, e aí depois, agora eu tô trabalhando somente com consultoria, né, mas foi assim, um caminho também pra chegar até aqui, né, hoje eu tô fazendo inclusive uma consultoria pra uma organização de Manaus, né, que elas têm desenvolvido um projeto de cuidado às meninas... as crianças que são vítimas de violência sexual. Eu estou daqui fazendo a consultoria para lá, porque elas estão criando um plano de captação de recursos, que é uma área que eu tenho me dedicado também há algum tempo. E eu acho que isso daria um evento só para a gente falar sobre isso, sobre captação de recursos. Eu vi que algumas pessoas colocaram aqui, como ocorre, de que forma, eu posso, eu consigo, etc. eu estou agora contribuindo na criação desse plano. Mas veja, antes disso eu precisei ter outras experiências. Nem sempre as melhores, porque a gente também precisa aprender a se frustrar no processo sem desistir dele, que eu acho que hoje é o grande desafio que a gente tem. O ser humano está cada vez mais resistente às frustrações. Então, quando a gente se frustra, a gente simplesmente abandona. Então, se o outro pensa diferente de mim, aí eu me frustro. Eu não quero mais falar com ele. Se aquilo não acontece exatamente do jeito que eu pensei, então vou fazer mais nada. Não é assim. Precisamos aprender a lidar com essas frustrações que também nos ensinam. Então, passei por muitas frustrações. Essa coisa de que nunca pensei em desistir. Isso eu realmente não pensei, porque eu não tinha nem essa opção. Mas tem momentos que a gente fica um pouco menos enérgico. Mas esses momentos também me ensinaram. É preciso repensar as rotas, é preciso aprender conselhos, é preciso caminhar diferente. E eu acho que é essa a percepção de que nem tudo é linear, quer dizer, nada é linear de todas as formas. E a nossa carreira profissional também não será. Mas não ser linear não significa dizer que estamos no mesmo lugar, ou que estamos regredindo, ou que nada está dando certo, ou que não vale a pena continuar investindo. Vale, e não só vale, é importante. É... Bom... Era mais ou menos isso. Não sei se eu respondi a pergunta.

Speaker 1 | 52:40.479
Respondeu, Érica?

Speaker 0 | 52:41.519
Ultrapassou toda e qualquer expectativa. Foi perfeito.

Speaker 1 | 52:48.822
Que legal. Henrique, tem um autor muito conhecido. Desculpem, gente. Quando eu digo autor muito conhecido, eu estou falando da época da Binâncora. da época da Alfazema. Então, vocês são nascidos de agora. Peter Sanger, que ele escreveu um livro sobre... um livro muito famoso, chamado A Quinta Disciplina, que é um livro sensacional. Tem o livro-texto e tem os cadernos de exercício. E ele conta uma experiência muito interessante de uma tribo da África do Sul. não sei se é uma tribo Zulu, enfim. Que se essas duas pessoas saíssem dessa tribo e fossem trabalhar em qualquer outro lugar do mundo, elas esperariam ser cumprimentadas como nós somos cumprimentados. Então, se eu te encontro na rua, eu vou te dar um abraço, eu vou dizer oi, Henrique, tudo bem? Tudo bem e tal, e seguimos em frente. E a expressão que eles usavam... Savu Bona e aí o outro respondia Sikona, qual era a troca importante, diz o Peter Senge nisso, que é o seguinte que você tem que parar para olhar para outra pessoa, Savu Bona e dizer assim, eu estou te vendo eu estou te vendo e aí o outro responde, eu estou aqui porque quando a gente pensa em um em associativismo, em colaboração, em uma série de coisas ou nos propósitos das nossas vidas, a gente é muito tentado a pensar só na gente. E a gente esquece que a gente pode ser o canal de mudança na vida de uma outra pessoa. Eu me recordo aqui, eu até queria que você depois falasse sobre isso, de uma... A gente estava entrando na faculdade, enfim, e distribuindo folhetos, e o senhor estava lá limpando, a outra menina estava lá limpando, e o pessoal de pedagogia parou. Será que eles sabem ler? Será que eles sabem ler? Será que esse pessoal que trabalha aqui na nossa faculdade sabe escrever? E eles perceberam, conversando, que não. E eles criaram um projeto de alfabetização para os próprios funcionários da instituição. Eles escolheram um lugar, um horário, para mostrar, estou te vendo. Eu acho que associação, associativismo, cooperativismo, também tem muito a ver com isso, não tem equipe. de ver o outro, de enxergar o outro, de abrir os olhos, tirar as escamas. O que você acha sobre isso?

Speaker 2 | 55:50.365
Eu acho que, assim, você trouxe um exemplo que ilustra perfeitamente qual o sentido do assopriativismo e do cooperativismo. É de não deixar de pensar em si, considerando também o outro. com as suas particularidades, com as suas necessidades. Entender que tanto eu quanto o outro temos limites, mas que quando a gente se junta, os nossos limites individuais podem ser diluídos diante de ações coletivas. Então, você trouxe essa coisa aí dos estudantes, inclusive uma linda ação, e que eu fico pensando que é possível ser reproduzida. Quantos de nós, quantas de nós não podemos... levar aquilo que nós aprendemos em nossas formações, em nossas graduações, para grupos, para sujeitos que não tiveram as mesmas oportunidades, que não tiveram as mesmas condições, né? E não pensem que quando a gente faz isso, a gente também não recebe ou não aprende, porque o processo de transmissão de conhecimento, quer dizer, o processo de ensino e aprendizagem não é só uma transmissão de conhecimento, é também uma troca, né? Então... Eu estou levando ali para o outro uma informação de letramento que contribuirá para que ele, a partir de agora, decifre a nossa gramática. Mas ele também me trará alguma coisa que certamente eu não sei, mas que tem um sentido na sociedade. A partir das experiências que ele viveu, a partir daquilo que ele sabe, e que eu não faço ideia de como faz. O associativismo e o cooperativismo são duas dimensões, uma com a finalidade social muito mais forte e outra econômica muito mais forte, que se constitui no coletivo e que se estabelece a partir de laços de solidariedade. E aí, eu repito, laços de solidariedade não significa dizer que não há divergências, que não há diferenças, que não há pensamentos diversos. não há o contraditório. Ah, haverá, mas esse contraditório não é maior do que o desejo daqueles grupos de, enquanto coletivo, avançarem. Então, esse grupo que eu fiz menção, eu fico muito feliz sempre de falar deles, porque eu contribuí... depois, nesse processo, e recentemente eles conseguiram, eu disse gestos ao ING, mas é o GTP+, eu confundi, as gestos é uma outra, mas é o GTP+, é uma outra organização que também trabalha com pessoas com HIV, que também tem um projeto semelhante, mas esse que eu falei é o GTP+. Eles conseguiram recentemente um apoio para equipar a cozinha, equipar a cozinha deles com todos os utensílios necessários para a produção de alimentos, e foi uma doação, e eu me lembro... Uma pessoa que não quis se identificar, né? Foi para um evento em que eles estavam servindo os alimentos. E aí essa pessoa foi fortemente sensibilizada e pediu o contato deles, depois entrou em contato e disse, ó, eu tenho um valor X para fazer de doação, eu queria saber o que é que vocês precisam. E eles nem sabiam, inclusive, o que iria acontecer nesse evento. E aí até... Quando o grupo recebeu a ligação, uma das pessoas que tem contato elétrico me disse que a gente está achando até que é golpe, que são tantas coisas que tem hoje ocorrido na internet, que eu receio. E aí, um mês depois, a pessoa fez a transferência do recurso, pediu para eles comprarem, mandaram as notas fiscais, e aí eles compraram, estão com a cozinha muito equipada agora, conseguindo fazer com ainda mais... precisão e qualidade aqueles que ele já sabe só isso então quando eles por exemplo se juntou para pagar um curso de uma pessoa que vai fazer lá o marketing veja aquela pessoa que tá fazendo marketing ela é é só ela ele só tiveram recurso para pagar para um Mas aquilo que ela estará aprendendo, ela estará desenvolvendo em produto coletivo, e não somente pensando em si. E aí é uma experiência que une renda, mas também processos humanos e sociais, porque a venda também pode ter esse poder.

Speaker 1 | 60:40.844
O meu mudo estava danado aqui. Eu vou te fazer uma última pergunta e vou passar para a Érica fazer o fechamento desse superencontro. Eu também faço, como você disse, eu tenho o meu propósito escrito na parede, todo dia eu olho para ele, porque tem dia que a gente tem vontade de desistir, tem dia que a gente acha que não vai conseguir, tem dia que a gente... Enfim. E aí eu queria te perguntar uma coisa, a gente está aqui mais ou menos umas 320 pessoas. A gente consegue, Henrique? Será que a gente consegue? Todo mundo aqui consegue? Você acredita nisso? De, poxa, eu estou aqui, ninguém me vê, ou eu estou aqui, de repente, eu sou um Henrique que ninguém sabe ainda, que estou morando aqui sozinho, vim do interior, estou estudando. trabalho o dia inteiro. Você acha que a gente pode acreditar na gente e a gente pode correr atrás disso? O que você pensa sobre isso, Henrique? E aí, logo depois, a Érica já assume. Quero, antes de mais nada, dizer que foi maravilhoso.

Speaker 2 | 62:00.801
Vejam, eu fico pensando que a gente, na vida... é privado de várias coisas por vários motivos, né? Alguns menos, outros mais. E às vezes essas privações cortam na carne, assim, doem, machucam, entristecem, nos fazem desacreditar. Mas se tem uma coisa que nós não podemos permitir, que ninguém nos prive, é nossa capacidade de sonhar. Porque os sonhos, né? mais do que abstrações, é aquilo que nos permite continuar caminhando, ainda que não cheguemos exatamente no lugar que gostaríamos. Então, eu, obviamente, não sei a realidade de cada um individualmente. Eu posso até imaginar, porque a gente tem ali, as agências trabalham muito com dados, então, a gente... conhece a população brasileira a partir desses dados, mas os dados também não explicam tudo, né? Os dados não explicam a emoção, os dados não explicam a empatia, os dados não explicam um monte de coisa, mas enfim. Eu até imagino como cada um vive considerando esses dados, mas eu não sei exatamente o que. Então, sei que as realidades são muito diferentes, mas termos o sentimento de realização, não pode a gente para conseguir as nossas realizações, não podemos usar a régua que mede o outro e sim as réguas que medem a nossa própria trajetória então se eu dou um passo dentro da minha trajetória, eu já não estou no mesmo lugar, e se eu não estou no mesmo lugar, um novo portal se abre, um novo portal de possibilidades, de desafios de oportunidades e talvez né E aí uma coisa mais filosófica, talvez o grande emblema da vida é a gente viver nesse eterno movimento de caminhar sem ter a certeza se chegará, mas com a certeza de que parado as coisas certamente não irão melhorar, não irão mudar, as coisas permanecerão do mesmo jeito que estavam. Então, eu sempre acho que a gente precisa alimentar. O Paulo Freire é um pensador que eu... Particularmente ama, ele diz assim A gente precisa esperançar E esperançar não é você ficar parado E dizer não, vai acontecer Não, esperançar é verbo Que significa dizer Se movimentar a partir Daquilo que você acredita Então que continuemos Esperançando E tomando os bons exemplos Como referências Para que a gente continue Aí caminhando Então, mais uma vez, agradeço ao professor, também à professora Érica, pela oportunidade. A cada um que está aqui, os meus alunos do serviço social. trouxe para cá também daqui a pouco a gente se encontra lá na sala de supervisão gente estágio mas aí agradecer a oportunidade de me colocar também a exposição para nós foi uma satisfação enorme tendo conosco o tema ele é lindo eu

Speaker 0 | 65:28.138
fiquei aqui assim ó eu deve ter deixado a câmera aberta para mostrar para você que eu tava assim ó te admirando assim pensando Em todos os sonhos que a gente tem quando a gente é jovem, em todos os sonhos que você conseguiu conquistar. Obrigada por esse momento, obrigado por partilhar conosco. E agora digo para vocês que amanhã nós teremos o nosso último encontro da nossa jornada de integração acadêmica. Será uma jornada onde a gente vai falar das competências no mundo colaborativo. E nós teremos a coordenadora e professora Mônica e o coordenador professor Tiago Hatz, que estarão conosco conduzindo esse momento de encontro e de troca, gente. Quero agradecer a todos e a todas que dividiram conosco esse momento e muito obrigada, professora Henrique. Foi uma honra dividir esse momento com o senhor. Uipirangi, sou sua fã. Obrigada. Obrigada.

Speaker 1 | 66:29.625
Beijo, Érica. Beijo, Henrique.

Speaker 0 | 66:32.586
Obrigada, um beijo no coração Como eu falo para todos os meus alunos Um beijo no coração Para que esse coração possa transformar Nossa mente, para a gente poder crescer juntos Obrigada por dividir com a gente Esse momento, uma boa noite a todos e a todas.











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